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Clube de Leitura 11º Livro: O Idiota (Fiódor Dostoiévski)

Só avisando que pretendo participar também, apesar de não ter votado (não consegui decidir entre esse e O Jardim Secreto). E não participei do último por falta de tempo =/

Pode participar quem não votou, quem não votou no vencedor. Quanto mais gente melhor. Não há nenhum critério de proibição de participação nesse tópico.
 
Eu sei @Morfindel Werwulf Rúnarmo . Só estava avisando que pretendo participar, porque como não votei em nada meu nome não aparecia.

Legal @-Jorge- ! Você já tem o livro ou ainda vai ter que comprar?
Eu vou pegar emprestado em uma biblioteca pública aqui. Lá tem as edições da Nova Aguilar e da 34 e acho que vou pegar a última (parece que o livro é bem popular já que os 3 exemplares disponíveis estavam emprestados. Vamos ver).
 
Última edição:
Já terminei a primeira parte do romance e estou gostando bastante. Mais alguém que está lendo tem considerações a respeito do livro?
 
E aí amigos? Para aqueles que estão lendo, o que estão achando até agora?
 
UHULL finalmente! Começei a ler essa parada ai! kkkk

Gostaria de externar uma coisa, sempre que leio os russos tenho 2 dificuldades básicas. 1º pronunciar os nomes. (alguém faz ideia de como é? leio como se fosse em pt) e 2º decorar os tais nomes kkkk
 
Também comecei, só pude pegar o livro hoje =(. Estou no capítulo 4, mas devo alcançar o cronograma no fim de semana. Estou gostando.

Isso é normal @Salgueiro-homem . Acho que não é fácil para ninguém um nome como Gavrila Ardaliónitch Ívolguin. E eles ainda ficam usando diminutivos e tratamentos diferenciados dependendo de quem fala também... No caso de Dostoiévski, esses nomes provavelmente têm até um sentido que se refere ao caráter do personagem, mas o tradutor nem sempre esclarece isso...

Sobre o livro, até agora uma leve apresentação de Míchkin e de alguns coadjuvantes como Rogójin, Nastácia Filíppovna e a família do general. Vamos ver quais vão ser os papeis de cada um.

Tivemos também já algumas explicações para o título e a caracterização de Míchkin como "idiota", seria um misto de "bobo, mendigo, louco e vidente", caracterização de Rogójin para ele. Acho que bobo no sentido de não ser muito pragmático, não? Não saber lidar com dinheiro e essas coisas, vamos ver quanto ao resto.
 
UHULL finalmente! Começei a ler essa parada ai! kkkk

Gostaria de externar uma coisa, sempre que leio os russos tenho 2 dificuldades básicas. 1º pronunciar os nomes. (alguém faz ideia de como é? leio como se fosse em pt) e 2º decorar os tais nomes kkkk
Eu li alguns russos nas edições da Abril Cultural. E nelas sempre optavam por escrever como se pronunciava, inclusive usando acentos para indicar a sílaba tônica. Mas é só um aportuguesamento da escrita. Não é a melhor forma de se fazer. A transliteração oficial do cirílico para o alfabeto latino é diferente disso. Como sempre fui curioso sobre pronúncia sei relativamente bem como transcrever as letras, isso ajuda na hora de saber a pronúncia. A transcrição mais acertada, a transliteração do cirílico para o latino, é a que usam dígrafos: 'sh' para o som de 'x' (em xícara), 'ch' para o som de 'tch' (em tchau), 'zh' para o nosso som de 'j' (já devem ter visto o nome em inglês do filme: Dr. Zhivago, em pt Dr Jivago), 'kh' para o som como o 'ch' alemão (como em Bach), não lembro agora de nenhum outro exemplo. No russo ainda tem um som um pouco chato que é o 'shch', (é o som 'sh' mais o 'ch' juntos) no alfabeto cirílico esse som usa apenas uma letra, por isso em alguns livros do Dostoievski (quem já leu algum livro dele já deve ter notado isso) nas abreviações de nomes (na verdade pra não usar nomes que possam ser relacionados a ninguém vivo, na época) aparece, Conde Shch..., Príncipe P..., Marquesa T... etc. Esse som é relativamente frequente nas palavras.
 
Por falar nos personagens do romance em tela, é interessante notar que todos eles, pelo menos os principais, aparecem em sua primeira parte. Além disso, como bem disseram, às vezes fica difícil acompanhar a mudança de nomenclatura dos respectivos personagens, ou seja, como eles são chamados no decorrer do livro; assim, até para facilitar, segue abaixo o rol desses personagens principais:

1) Príncipe Liév Nikoláievitch Míchkin – o protagonista (o idiota)

2) Parfion Semiónovitch Rogójin

3) Nastássia Filíppovna Barachkova

4) Ivan Petróvitch Ptítsin

5) Afanássi Ivánovitch Tótski

6) Nikolai Andréevitch Pavlíchev

7) Kólia

8) Lukyán Timoféevich Liébediev

9) Ferdíchenko

10) Schneider

11) Daria Alekséievna

Os Epantchini
12) Ivan Fiódorovitch Epantchin

13) Lisaveta Prokófievna Epantchiná

14) Aleksandra, Adelaída e Aglaia Epantchiná

Os Ívolguini
15) General Ívolguin (Ardalion Aleksándrovitch Ívolguin)

16) Gavrila Ardaliónitch Ívolguin (por vezes Gánia, Gánetchka ou ainda Ganka)

17) Nina Aleksándrovna Ívolguina

18) Varvara Ardaliónovna Ívolguina (por vezes Vária)

Bando de Rogójin
19) Zaliójev, o senhor dos punhos, Keller, entre outros…



 
Achei ótimo @Spartaco ! Eu tenho uma edição da famosa e muito bem falada Martin Claret (cavalo dado não se olha os dentes!)
Eu acho que sou suspeito em falar pois sou fanboy do Sr. Fiodór! hahahaha
Por enquanto estou gostando!
 
Gostaria de externar uma coisa, sempre que leio os russos tenho 2 dificuldades básicas. 1º pronunciar os nomes. (alguém faz ideia de como é? leio como se fosse em pt) e 2º decorar os tais nomes kkkk
sempre acontece isso comigo.. e além de não decorar eu confundo os nomes.. acho que nas traduções eles deveriam mudar o nome, por exemplo, Dostoievski poderia virar Dostô e por aí vai, pq tem sobrenomes gigantes e por vezes parecidos.
 
@Spartaco a tradução é de José Geraldo Vieira

@Salgueiro-homem, então pode ficar tranquilo, pois José Geraldo Vieira (1897-1977), além de ser conhecido como romancista, foi considerado um dos nossos mais solicitados e prestigiados tradutores. O único porém é que José Geraldo Vieira traduziu o romance em questão por interposição do francês, tendo sido publicado primeiramente pela José Olympio em 1949.
 
Passei um pouco da primeira parte (apesar de que deveríamos estar terminando a segunda essa semana, né?). Fiquei com algumas dúvidas ou curiosidades até agora.
1. O que tem Nastássia Filipovna que todos a querem?:confused:

2. Sofrimento de Nástassia e de Gávrila. A primeira, pelo que vimos, perdeu a mãe em um incêndio, o pai enlouqueceu um mês depois e a irmã, morreu doente. Depois ela foi "descoberta" por Totsky que pretendia transformá-la em sua amante. Foi educada durante 4 anos e a partir daí explorada sexualmente (?) por ele na tal Vila das Delícias. Dá para pensar que no início ela esperava casamento ou algo do tipo, mas teria sido enganada. Aliás, não queria que ela tivesse desistido da vingança que parecia planejar... O segundo viu a família perder dinheiro e posição social (devido ao alcoolismo do pai?) e resolveu casar com a "prostituta" para conseguir dinheiro (amando ela ou não?).

2. Qual o sentido de igualar Nastássia com Maria Madalena (através da história da Marie da Suíça) e com A Dama das Camélias (Marguerite Gautier, também tuberculosa como Marie)? Igualar o príncipe a Cristo (mesmo sentido que teria a bofetada não revidada de Gávrila? Oferecer a outra face e talz...)? No caso da Marie da Suíça, vimos que o príncipe de certa forma conseguiu "salvá-la" quando teve compaixão por ela, mas ao mesmo tempo isso serviu para tornar ele moralmente superior aos habitantes do vilarejo. No caso de Nastássia, ele não conseguiu. Ela recusou a "salvação" (paternalista) dele (que viria com o casamento e a posição social de princesa) e saiu dali com Rogójin. Interessante que no caso de Marie, a "queda" teria se dado por ter se relacionado com um vendedor apenas (que teria abandonado ela depois... mas a culpa é dela mesmo assim?!) e de Nastássia por causa de Totsky o que me faz pensar como o julgamento das pessoas era excessivo... Sobre o papel da "Prostituta com o coração de ouro" na obra de Dostô, encontrei este artigo em inglês, bem interessante:

http://toto.lib.unca.edu/sr_papers/literature_sr/srliterature_2009/murphy_mike.pdf

Ele não fala de Nastássia, mas lembra de Sônia (de Crime e Castigo) e de outra prostituta em Notas do subsolo (não lembro dessa). Tem alguns trechos interessantes (que eu deveria ter destacado enquanto lia =P) sobre prostitutas e a posição da mulher como este que acho que se encaixa no nosso caso:

The glaring flaw in Dostoevsky’s canon is his weak and oftentimes stereotypical portrayal of women. Women are never the protagonists of any of Dostoevsky’s major novels and often act as throwaway, ancillary characters or plot devices to further the moral and spiritual development of the male protagonist.

3. Aliás qual o sentido da conversa do príncipe sobre a pena de morte e Marie com as irmãs Iepantchin? Principalmente no caso do primeiro tema, não entendi ainda o sentido disso. Não percebi ainda muito bem o caráter do príncipe e porque ele faz algumas coisas.

4. Qual o sentido da conversa de Kólia de que todos são corruptos e agiotas? O dinheiro, assim como a bebida sempre tem um papel importante em Dostoiévski. O tema do dinheiro culmina com os 100 mil jogados no fogo como "compra da honra" de Nastássia por Rogójin (até aí tudo leva a crer que ela tinha sido "prostituta" de um homem só) e de Grávila por Nastássia também, né? Aliás, qual o sentido de ela ter escolhido Rogójin? Os outros eram mais podres moralmente que ele?

Vamos avançando com a segunda parte. Até agora estou achando o príncipe bastante diferente de outros protagonistas de Dostoiévski (menos antissocial, por exemplo). Quais os comentários de vocês?
 
Última edição:
Dessa vez estou quase no cronograma (parte 3), mas vou comentar a segunda e até o final da semana vou estar atrasado de novo. Ainda tem alguém lendo? =( Alegrem-se, temos dois feriados pela frente!

1. No capítulo anterior: Na primeira parte tivemos a narração de um dia do príncipe Míchkin em São Petersburgo. Sua chegada, como conheceu os Iepantchin e Ivolguin e, é claro, Nastássia Filíppovna. Fomos deixados na festa de aniversário dela, com vários pretendentes a amantes ou maridos. Ela saiu dali com Rogójin apesar de o príncipe (rico?) ter se proposto a casar com ela (por compaixão... Sei...).

2. Resumo: Na segunda parte temos o que se passou a partir daí. O príncipe, Nastássia e Rogójin foram para Moscou e algumas coisas aconteceram entre eles: Nastássia fugiu do casamento com Rogójin duas vezes, em uma delas pediu ajuda do príncipe, gerando um ódio ciumento em Rogójin. Na verdade vemos como a relação de Rogójin e Nastássia é doentia: ela, pobre e "desonrada", mas educada (ou "refinada") o despreza por ser um bruto. Ele é apaixonado por ela e a odeia por desprezá-lo e se sentir superior a ele. Rogójin diz que Nastássia gosta na verdade é do príncipe e vice-versa (não é compaixão nada), o que, conhecendo Dostoiévski e as paixões a primeira vista de seus romances é verdade. Ciumento (de maneira doentia), e apesar de gostar do príncipe, Rogójin o ataca, numa cena que me lembrou bastante a luta final de O eterno marido, entre o marido traído e o amante. Depois disso o príncipe vai para o interior, numa casa próxima a Petersburgo.

3. Comentários: Até aí tivemos novamente a narração de uma execução por Liébediev (madame du Barry) e a ênfase na vontade de alongar a vida mais um "minutinho" (por quê?). Tivemos também a afirmação de Míchkin de que "A compaixão é a lei mais importante e talvez a única da existência de toda a humanidade" (cap. 5), que diz bastante sobre o caráter do príncipe. E no capítulo 5, um magnífico exemplo de fluxo de consciência. Aliás, aí ele adquiriu o caráter doentio dos protagonistas de Dostoiévski, mas acredito que Rogójin se pareça mais com isso... Ah! A narrativa ser folhetinesca é bem legal: sempre temos um cliffhanger no final dos capítulos. Grande escritor!

4. Resumo: Daí para a frente temos as visitas dos Iepantchin e do grupo de Kólia com a "exigência" de dinheiro do príncipe e por fim de Nastássia Filippovna com uma "armação" para juntar Aglaia e o príncipe...

5. Comentários: que acham da história do "cavalheiro pobre"? Qual seria o ideal dele? A compaixão, não? Nessa parte podemos ver a crítica de Dostoiévski à "civilização de direitos" por parte dos "niilistas" que não respeitam ninguém, nem Deus. Certamente eles veem a compaixão como uma fraqueza, um defeito, e por isso odeiam o príncipe. São heróis nietzschianos e são bem ridicularizados por Dostoiévski. Temos por fim o aparecimento e a suposta ofensa de Nastássia a Ieuguiêni Pavalóvitch ao se dirigir a ele como alguém íntimo na tentativa de desmoralizá-lo frente a família Iepantchin e impedir seu casamento com Aglaia. Eu acho que a solução para esse triângulo amoroso (Míchkin, Nastássia e Rogójin) deveria ser os três entrarem prum convento (rs), mas acho que um final trágico se anuncia...
 
Tendo em vista que estou lendo vários livros, acabei me atrasando um pouco com o cronograma de O Idiota, pois somente neste fim de semana terminei a terceira parte.

Até agora, no tocante ao trio de personagens principais, Aglaia, a filha mais nova da Generala, apaixona-se relutantemente pelo príncipe Míchkin, mas este, devido a sua sensibilidade e compaixão profunda para com os que sofrem, se volta constantemente em auxílio de Nastássia, mulher bela e generosa, mas de reputação duvidosa. Estou curioso para saber como isso vai terminar.
 
Não terminou bem, Spartaco...

Bom, mas dessa terceira parte, o que marca é a carta do Hippolit. Eu acho a conclusão dele, fantástica. E aí está uma das origens do Existencialismo ou da identificação de Dostoiévski como escritor Existencialista. Quer dizer, não que ele estivesse defendendo a conclusão (o suicídio como revolta), pelo contrário, mas como ele expôs a coisa, muito bem... Aliás, ficamos com a dúvida se Hippolit queria mesmo se matar ou se ele queria que tivessem pena dele. E finalmente, a listagem de todas aquelas cenas de execução faz sentido também. Todos estavam na mesma situação de Hippolit de condenados à morte.

E temos também o desenvolvimento de um quadrado amoroso entre Aglaia - Míchkin - Nastássia - Rogójin. Acho que os personagens de Dostoiévksi sempre tem o sério defeito de serem orgulhosos. Vejam Nastássia (o orgulho rejeita o sem-educação mesmo que com dinheiro, Rogójin) e Rogójin (o orgulho ferido de gostar de Nastássia e ser desprezado). Fora Gánia, Hippolit e outros...

Enfim, na quarta parte ainda tem o confronto entre Aglaia e Nastássia. Digam aí o que acharam. E do final também. O final do príncipe é inevitável para alguém movido a compaixão no mundo de hoje? Com tudo aquilo, não conseguiu salvar ninguém.
 

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