(Perdão gente, ontem foi um dia complicado off topic)
Bom dia meritíssimo, membros do júri, e a todos os outros presentes.
Meu nome é Malkyn. Mas já foi Mal-Al-Kyn, chefe de uma aldeia nas terras de Harad. Nossa tribo, embora belicosa, como todos os hadradin, vivia em paz. Até a chegada dos cruéis homens do Mar, que se chamavam como Altos homens. Eles dizimaram boa parte da nossa aldeia, e ergueram uma fortaleza costeira perto dali. Não tive outra escolha a não ser fugir com os sobreviventes. Foi quando fui apresentada a um Senhor dos homens. Ele liderava grandes exércitos de diferentes raças, e não existia preconceito ou diferenciação entre nós, homens de Harad, Khand, Rhun, orcs, trolls e goblins. Lá ganhei terras para minha tribo, e acabei conhecendo os que anos depois foram chamados de Nazgul. Eles, ao lado de Boca de Sauron e Gothmog, eram grandes homens, poderosos e líderes para nós, seguidores e guerreiros de Sauron. Acabei por conhecer magia, e graças a muitos ensinamentos de Sauron e Boca, me tornei uma feiticeira de poder e renome, conseguindo prolongar minha vida por muitos anos. Durante esse tempo, vi novamente um exército de Númenor desembarcando em terras que não lhes pertenciam. Vi um exército gigantesco marchando e desafiando Sauron, meu senhor, sem nenhum motivo aparente. E vi ele abrir mão de sua liberdade, seu trono e seu povo, para nos poupar das cruéis lâminas numenoreanas.
Ansiosa, aguardei seu retorno com grande expectativa. Mas só retornou após um grande terremoto, onde meu senhor quase foi destruído pelos demônios do Oeste, que os elfos chamam de Valar. Pouco tempo depois, vimos o pesadelo continuar, com numenoreanos vindo e ficando na Terra-Média, abrindo estradas e erguendo fortalezas nas terras que pertenciam a outros homens fieis a Sauron. Meu senhor foi à guerra, e lutamos por incansáveis anos, até sermos derrotados pelo poder do Ponente. Em seu fim, meu senhor tombou, e os odiosos gondorianos ainda lhe roubaram seu artefato mais precioso, onde continha boa parte de seu poder, o Um Anel.
Após mais milhares de anos, quando nosso senhor enfim conseguiu juntar forças para retornar, nossos inimigos insistiram em tentar destruí-lo por completo. Durante minha estadia em Dol Guldur, fomos atacados, e tivemos que fugir novamente. Fui com os 9 grandes cavaleiros para nossa morada em Mordor, mas alguns anos depois, veio enfim a grande guerra, onde fomos enganados por ardilosas estratégias e pequenos espiões. Os ambiciosos homens do oeste, ao verem que não venceriam meu senhor em uma guerra franca e limpa, se aliaram a magos dos demônios, e conseguiram a vitória por meio de enganações e distrações. Vi a torre com meu senhor ruir. Perdi todos aqueles que lutavam comigo, e agora aguardo minha morte nas areias de meus ancestrais. Falo para esse tribunal como uma mulher que testemunhou toda a gloria de um homem sem igual, e sempre perseguido por aqueles que não o compreendiam. Definho sem o poder de meu mestre, mas ainda guardo na memória seus feitos e as injustiças que sofreu.
Mas admito que não fiquei surpresa vendo o que foi escrito contra meu senhor. Não é nenhuma novidade ver como o retratam. A história costuma ser escrita pelos vencedores, e assim foi dessa vez. Mas convivi com Sauron e seus fiéis seguidores por milhares de anos, e nunca vi entre nós traição, como vi entre nossos inimigos. Sauron sempre prezou pela lealdade. Nunca traiu nenhum senhor ou servo. Ele abriu mão da servidão, mas isso não pode ser chamado de traição, certo? Decidiu seguir um outro senhor, pois via nele menos ócio que nos Valar, eternamente vivendo em berçoesplêndido nas Terras Imortais, deixando nós homens mortais à deriva. Sauron salvou meu povo contra os Numenoreanos. Se ele fosse realmente um monstro, nos deixaria para morrer pelas lâminas do Oeste.
Seria um alívio ver a justiça sendo feita, e Sauron, o benevolente, recebendo a honra que merece.