Saudações a todos do Juri, meritíssimo, banca de acusação, platéia e organizadores. Lamentamos pela ausência das 5 perguntas, que poderiam ajudar a esclarecer ainda mais a evidente inocência de nosso cliente e réu deste julgamento. Mas se por um lado faltou 2 perguntas, as que foram feitas compensam, por possuírem um alto nível de entendimento das Obras e desse processo. É uma honra respondê-las.
Segue resposta à perguntas feitas pelo Sr.
@Amon_Gwareth e Sra.
@Nihal
A resposta da pergunta feita pelo presidente do Júri, Sr.
@Neoghoster Akira será enviada pelo sr.
@Grimnir .
O primeiro eu direciono à banca de defesa. A captura de Gorlim em si não surtiu vantagem militar para Sauron, sendo claro o objetivo de obter informações através de tortura e outros meios que não podem ser aceitos por esse tribunal - nem mesmo em cenário de guerra declarada. A defesa reconhece que Gorlim foi deliberadamente executado após servir aos desígnios do réu, e também que Sauron o executou respaldado unicamente pelo próprio senso de justiça. Este ato jamais poderá ser reconhecido por este tribunal pois a Sauron não foi delegado o poder de fazer valer a justiça. Sendo assim, pergunto: a Gorlim foi concedido o direito de defesa do qual Sauron está gozando neste tribunal? Essa execução foi reconhecida e deferida pelas únicas autoridades com tal poder, ou seja, as deste tribunal?
Antes de mais nada a banca de defesa quer deixar claro que não existia a opção do nosso réu trazer Gorlim para julgamento neste tribunal. O mesmo estava inacessível ao maia por conta de uma guerra travada há milênios. E que não apenas ele, mas centenas de milhares de seres foram julgados, condenados e inocentados na Terra-Média. Gorlim não foi exceção, e sim parte da regra. Basta conhecer a história de Arda. Quantos orcs, trolls, homens, dragões e elfos foram mortos e libertos durante guerras pelas Três grandes Eras? Seria completamente inviável, nós diríamos impossível, manter o prisioneiro cativo até o fim de uma guerra infinita. Se Sauron optasse por manter Gorlim cativo, o mesmo teria morrido de velhice antes do fim da Guerra.
Esclarecendo isso, acreditamos que essa excelente pergunta feita pelo honrado jurado merece uma resposta bem completa. Então, pedimos desculpa se parecer muito extensa, mas será com certeza esclarecedora, para finalizarmos essa acusação erronea sobre Gorlim.
Para começar, vamos apresentar o contexto no qual Gorlim foi morto:
Após a batalha das chamas repentinas, somente duas regiões foram conquistadas: uma parte ao leste de Beleriand, terra dos Filhos de Fëanor, e a região central de Dorthonion. O flanco esquerdo estava ameaçado por não ter conquistado Hithlum, o que constituía uma ameaça a todos os esforços da Dagor Bragolach, uma grande conquista militar que corria o risco de perder seu efeito.
E além disso, a vitória de Maedros na colina de Himring começou exatamente como a rebelião de Barahir:
- Estavam cercados em territórios hostis;
- Contavam com poucos efetivos militares;
- Começaram uma insurreição em um território fortificado;
- Melkor não conseguiu conquistar o refúgio, o que aumentou a moral do inimigo.
- Os exércitos dispersos e derrotados começaram a seguir a bandeira de Maedhros, o que foi fatal a longo prazo para Melkor em termos militares, pois toda a região acabaria reconquista pelos noldor e eldar.
Barahir e seus soldados estavam aplicando uma guerrilha brutal aos efetivos de Angband, e já não bastava um flanco esquerdo não conquistado, Melkor arcou com um refortalecimento no flanco direito, com a figura de Maedhros. A situação não estava boa em termos estratégicos. O que fazer então? Deixar que Barahir se fortalecesse e aumentasse a moral do inimigo? Nenhum comandante competente deixaria isso passar.
É aqui que surge nosso injustiçado réu. Ele foi enviado à região para destruir ou pelo menos afugentar esses guerrilheiros antes que os estragos aumentassem. Então dizer que não houve vantagem militar na captura de Gorlim é errado. Suas declarações deram SIM vantagens militares para o réu. Ele conseguiu informações sobre o paradeiro de um comandante inimigo, e usou isso a seu favor, conseguindo a morte de um homem que estava em lado oposto naquela guerra. Mais uma vez, Sauron nada mais faz além de mostrar sua inteligência em campo de batalha, e um alto nível de estratégia militar.
A respeito da execução, a posição de Sauron em Angband era alta. Abaixo apenas de Melkor. Essa posição lhe dava autoridade para tomar decisões em campo de batalha, durante uma Guerra difícil e contínua travada em Beleriand. Com isso, a execução de Gorlim, sim, foi baseado num senso de justiça, mas numa situação como aquela, todos os homens de Barahir seriam mortos de uma forma ou de outra. Essa operação militar não envolvia a captura e transporte de prisioneiros, era tão somente a destruição de um grupo que estava gerando problemas militares. Em sua posição, Sauron não tinha tempo hábil para levar o prisioneiro para julgamento em Angband. Precisava de respostas e de resultados. As conseguiu, de forma prática e rápida, utilizando como arma a fragilidade de seu prisioneiro de guerra. Se Gorlim fosse como seus parentes mais nobres, como Húrin, o resultado seria completamente diferente. Mas Sauron sabia que estava diante de um covarde, e apenas se aproveitou disso. Após conseguir as respostas desejadas, nosso cliente se viu diante de um novo dilema: O que fazer com aquele ser desprezível e fraco? As opções eram: Soltar o covarde, o que iria contra as políticas militares de seu comandante; aprisioná-lo em minas subterrâneas, onde o mesmo sofreria por anos; executá-lo de forma rápida, dando fim áquela vida infeliz e não prejudicando seu próprio lado, ou poderia aprisionar o espirito do prisioneiro. Decidiu pela terceira opção, cumrpindo assim sua promessa de unir Gorlim á sua falecida família.
Sobre o executado, foi só mais um dos milhares de mortos durante as batalhas de Beleriand, vítimas da ambição dos Noldor, que usaram os eldar como escudo humano, os colocando nas fronteiras setentrionais daquelas terras, enquanto brincavam de reis e príncipes ao sul. Se Gorlim foi morto, é porque entrou em uma guerra que não lhe pertencia, e foi, assim como toda a casa de Bëor, um fantoche dos elfos de Além-Mar. Não apiedem-se por Gorlim, a inocência não faz parte da Guerra.
Lembrando: Sauron estava sobre um regime militar de exceção. Era ele ou seu inimigo. Ou um ou outro. E a execução de Gorlim poderia terminar de forma muito pior. Poderia ser preso. Poderia ter a alma aprisionada. Poderia ser largado para morrer. Mas teve uma morte rapida. Foi compaixão isso? Não. Foi guerra.
Abaixo, segunda resposta para jurados:
À banca de defesa:
Ouvimos durante este julgamento diversas acusações indiretas ao réu, por atos cometidos por orcs e outras criaturas ao seu comando. A defesa afirma que o réu não deve ser julgado por tais atos, afirmando assim sua total inocência. Mas sendo Sauron um líder, um comandante de guerra, é muito difícil acreditar que não soubesse, permitisse ou até mesmo ordenasse que seus liderados cometessem tais crimes, cabendo a ele no mínimo a acusação por apologia e incitação ao crime ou de ser cúmplice. Como a defesa pode provar que o réu não tinha conhecimento nem aprovava tais atitudes cometidas por seus soldados?
Obrigado pela pergunta, jurada
@Nihal . Provar que não houve ciência é impossível por questão de lógica. Seria como provar que não existe um pássaro invisível voando nas praias de Belfas. Cabe a quem alega o ônus da prova dos fatos. Não havendo prova alguma contra o réu, mesmo que por via de princípio de prova escrita, não merecem acatamento as alegações contra ele. Sendo mais claro, não cabe a defesa provar que Sauron nada sabia, isso seria impossível. Cabe sim à acusação apresentar tais provas. Trechos que mostram a ciência dessas maldades, testemunhas que viram ou ouviram ele ter conhecimento dessas crueldades ou algo do tipo. Mas todos sabemos que isso não ocorreu durante todo o julgamento, onde a acusação, ao invés de apresentar provas contra Sauron, julgou mais "intenções" e pontos de vista, esquecendo do que veio fazer no tribunal: Apresentar fatos que condenem o réu.
Sem mais.
Banca de Defesa.