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Conflito Rússia e Ucrânia

Eu compararia com a invasão do Kuwait pelo Iraque em 1990. Os números são bem inferiores, claro, mas a proporção entre as forças envolvidas se mantém e a velocidade do avanço é similar. Também mostra o que acontece quando outros países se unem para aplicar sanções.

Se continuar assim, a Rússia pode até anexar a Ucrânia mas estará falida em poucos meses e sem que nenhuma potência externa tenha que disparar um único tiro diretamente.

É que o Kuwait é pequeno demais, comparando com Iraque e Ucrânia. É um território muito mais fácil de ocupar do que um país maior que a França.

Levando em conta que não tem uma semana de guerra e a Russia tem o controle de bases aéreas, portos, usinas e tropas aerotransportadas cercando a capital, é ingenuidade demais achar que o avanço é lento. Sendo que não vimos até aqui nenhum armamento ultra moderno como drones em uso, tem um exército atravessando o país sem destruí-lo. A ideia parece ser uma "invasão de decaptação", buscando pontos estratégiso e tomar a capital. E tem tudo pra ocorrer num tempo menor do que o já citado avanço norte-americano no Iraque, que na época foi exaltado como uma grande proeza militar, concorda? Sem contar que o pesado bombardeio americano levou milhares de civis iraquianos como efeito colateral planejado. (Mas sem problemas, todos sabemos que para a mídia ocidental vidas iraquianas não importam tanto quanto europeias.)

A Rússia pode ter mostrado (mesmo ganhando contra a poderosa Ucrânia) que é um tigre de papel.

:rofl: Um tigre de papel que cercou a capital de um país 600mil km² e 45 milhões de pessoas em menos de uma semana, sem usar nem 10% do efetivo militar disponível. Imagina se fosse um tigre de verdade?

Pessoal acha que geopolítica é futebol, não é possível isso.

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As primeiras sanções impostas eram "meia bomba". Biden mesmo fez questão de excluir dessas sanções cereais, fertilizantes e combustíveis fosséis, já que cortar esses produtos do comério global podem (e devem) agravar a crise inflacionária nos EUA. Agora não, usaram a "bomba atômica da economia", o Swift que deve ter um impacto bem grande a curto e médio prazo para a Russia. Se a guerra durar mais do que dois meses pode deixar Moscou em uma situação bem difícil. Rublo tá valendo merda nenhuma, tem filas em bancos russos, tá uma beleza hoje.

Mas tudo tem dois lados. Essa atitude do Swift quebra um pouco a ideia de um sistema neutro, já que é uma instituição privada, fundada por bancos europeus e que até agora nunca tinha se posicionado de forma política contra um país tão relevante. Isso pode tirar a confiança, principalmente de bancos asiáticos que podem ver a cooperativa como "ocidentalizada demais". E abre caminho para o crescimento ainda mais acelerado do Cips, sistema similiar e chinês, já adotado por bancos russos e chineses há algum tempo. A tendência é ele ter um bom crescimento sendo uma alternativa viável para cada vez mais instituições orientais, e outro fator preocupante para os EUA: Não é 100% feito com o dólar como base, fato que pode tirar força da moeda americana, que é totalmente dominante no comércio mundial, e isso é tudo que a China poderia querer no momento.

China que deve estar ansiosa pra saber o desfecho da guerra e ajudar economicamente na retomada de ambos os países.

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Outro fator interessante sendo noticiado em alguns canais livres é a dificuldade em "Motivar" a população e efetivos militares russos contra a Ucrânia. São ambos ortodoxos, eslavos, falam o mesmo idioma, têm a mesma origem histórica, e aí fica difícil demonizar o inimigo. Por exemplo os EUA nunca tiveram esse problema porque pro americano médio árabe nem é gente, a situação agora é diferente. Tanto que uma "saída" encontrada por Putin é o uso de Chechênos, etnicamente e religiosamente diferentes de Ucranianos. Dizem ter 70mil soldados da região entrando na Ucrânia. E com relatos de tropas ucranianas passando banha de porco nas balas, para que o soldado alvejado não vá para o paraíso (lembrando que os chechenos são muçulmanos). Bizarro, eu sei.

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Enfim. Com comboios russos à caminho de Kiev e o fim da primeira rodada de negociação da rendição, a tendência é o ataque a Kiev começar de fato. Aí vamos ver se existe de fato alguma força de resistência real e não apenas de narrativa, e se a ajuda ocidental de armas e munição será útil no conflito.
 
A Ucrânia tem pelo menos 3 grandes etnias, só uma delas se identifica como russa.

O Putin com o discurso antinazi e antigenocídio ta falando pra própria população que tem nazista matando gente etnicamente russa lá na Ucrânia.

Se tem uma coisa que o Putin não é, é burro. Se ele usou isso como argumento é porque ele sabe do impacto que tem na motivação do seu povo e exército e na legitimação das suas ações para os seus. O Putin não precisa convencer os ocidentais de que ele está certo, ele não é ingênuo de achar que isso é possível, ele só precisa convencer os seus.

E essa motivação e legitimação ele não construiu de uma hora pra outra, não é de agora. A Rússia não tem imprensa livre. Os Ucranianos deram um prato cheio pro Putin usar de propaganda, eles (e a UE) foram, desde 2014, condescendentes com grupos neonazistas na Ucrânia, porque eram convenientes pros seus interesses. Esses grupos participaram ativamente do golpe que tirou um presidente pró-Rússia e em seguida participaram ativamente, como grupos paramilitares, no combates contra as províncias separatistas e etnicamente russas da região de Donbass.

Nesse caso o Putin nem precisou inventar fake news, como lhe é de costume. Ele vem bombardeando há anos a imprensa russa com imagens das guerrilhas paramilitares atacando povos de etnia russa na Ucrânia. Claro que ele infla a situação real, faz parte do interesse dele.

Aí ta o cara aqui no Brasil, no conforto do seu computador, e acha que todo esse conflito é só papo de esquerda. O Putin nem de esquerda é, é uma puta cara conservador que beira ao extremismo, e quem não tem coragem de falar contra a invasão de um país soberano em pleno século XXI é o Bolsonaro. A alucinação de quem acha que tudo no mundo é coisa de esquerda é tão ridícula que chega a dar dó.

Agora, o discurso antinazi do Putin serve num primeiro momento. É difícil manter a imagem de Ucrânia como nazista pro seu exército conforme ele avança. Na Rússia o Putin controla a informação que eles têm acesso. Nas ruas da Ucrânia eles vão ver o que vão ver. Os nazi, embora tolerados e usados conforme convém, estão longe de ser maioria.

A maior cagada disso tudo foi da UE, que fechou os olhos pros conflitos graves que vêm ocorrendo há tempos na Ucrânia e começou a negociar uma possível entrada desta na UE e na OTAN, coisa que deveria ser incogitável até que os problemas internos fossem apaziguados.

Reforçando, o Putin tá longe de estar certo nessa história toda, mas o erro não é só dele. Fizeram muita cagada por anos ali, fecharam os olhos pra muita coisa errada, era uma questão de tempo até dar no que deu.
 
A Rússia pode ter mostrado (mesmo ganhando contra a poderosa Ucrânia) que é um tigre de papel.
Talvez. A União Soviética, o verdadeiro país do Putin, era uma superpotência com pés de barro. Num momento metia medo em todo mundo, no outro não existia mais.
O que a Rússia é... é complicado. O que ela se tornará? Talvez um fantoche da China. É para a China que ela corre e correrá, procurará apoio.
O campo da guerra é escorregadio.
 

Um vídeo do Putin em dezembro. Explica melhor o que levou Moscou a entrar em guerra melhor que GloboNews e CNN juntas.
 
É uma tristeza (e ingenuidade e burrice minha também) verificar que existem "justificativas ou ideias" para "entender, explicar ou defender" uma guerra.

Qualquer guerra é condenável. Assim como foi, é e sempre será condenável a monstruosidade das invasões americanas (Iraque, Afeganistão e intervenção militar mundo a fora), a ação Russa não tem justificativa.

Ser contra o que o Ocidente faz em aspectos bélicos, políticos e econômicos; ter simpatia ideológica, religiosidade ou qualquer "identificação" não deveria ser parâmetro para glorificar ou aceitar essa agressão Russa.

Mas vão dizer: "É da natureza conflituosa do ser humano mesmo". "Isso que você pensa é muita idealização do mundo que você vive". "Vá viver no mundo dos teletubbies". "Volte para seus posts de 16 parágrafos e 10 imagens". "Deixa de falar besteira".
 
É uma tristeza (e ingenuidade e burrice minha também) verificar que existem "justificativas ou ideias" para "entender, explicar ou defender" uma guerra.

Qualquer guerra é condenável. Assim como foi, é e sempre será condenável a monstruosidade das invasões americanas (Iraque, Afeganistão e intervenção militar mundo a fora), a ação Russa não tem justificativa.

Ser contra o que o Ocidente faz em aspectos bélicos, políticos e econômicos; ter simpatia ideológica, religiosidade ou qualquer "identificação" não deveria ser parâmetro para glorificar ou aceitar essa agressão Russa.

Mas vão dizer: "É da natureza conflituosa do ser humano mesmo". "Isso que você pensa é muita idealização do mundo que você vive". "Vá viver no mundo dos teletubbies". "Volte para seus posts de 16 parágrafos e 10 imagens". "Deixa de falar besteira".
Mas quem falou que alguém tem que aceitar, concordar ou discordar do que uma superpotência faz? Ainda mais nós brasileiros que não apitamos nada nem mesmo no nosso país? Falar "ah sou contra a guerra" é a mesma obviedade de dizer que é contra a pedofilia ou o câncer. Óbvio que ninguém vai ser a favor de mortes milhares de vidas humanas, destruição de patrimônio e a crise econômica que se segue, a questão nunca foi essa.

O ponto é tentar ao menos entender a motivação de um Estado em atacar outro, e sair desse maniqueísmo ingênuo de lado bom Vs lado mal que estão pintando nessa guerra, como se o Putin fosse só um vilão de 007 querendo destruir o mundo, né? Nenhum país entra numa guerra que vai custar milhares de vidas e bilhões de dólares em perda só porque quer. Não existe inocentes e culpados na geopolítica, existem interesses de governos, que fazem o que acreditam ser melhor para seu próprio país. Três exemplos: Os EUA acham justificável suas guerras de invasão e interferências em países de todos os continentes em nome da sua segurança e soberania como principal potência mundial; A França acha justificável manter tropas no Sahel em nome da sua influência nas antigas colônias; Israel acha justo seguir com sua expansão na palestina pois não a reconhece como Estado, e sim como um invasor em seu território "por direito"; E sob a ótica de seus governantes, estão certos, mesmo que para outros países possa parecer errado. Eu sei que estou sendo genérico nos três exemplos, não vou me aprofundar em tanto tema polêmico, só quis ilustrar meu ponto: Países/governantes devem pensar no que é melhor para a proteção do seu próprio Estado acima de qualquer coisa.

E a justificativa dada pelo Putin no vídeo acima tem sentido. A médio/longo prazo, a Ucrânia na OTAN significaria pra Russia ter bases militares e mísseis norte-americanos em sua fronteira, perto de seu único porto em águas quentes e de regiões com a maior parte da sua população. Então, PARA ELES, uma intervenção hoje significa evitar uma invasão de larga escala no futuro, mesmo sabendo de tudo de ruim que isso acarretaria, como sanções e isolamento político.

Assim como a Ucrânia pode não estar errada em querer entrar na OTAN, ela faz o que quiser como país, certo? Mas isso significa lidar com possíveis consequências. Como o repetidamente citado exemplo de uma aliança entre México e China, permitindo tropas chinesas na fronteira norte do México. Isso levaria os EUA a uma agressão com toda a certeza, como foi com a questão de mísseis na Turquia e Cuba nos anos 60.

O que cansa é essa cobertura colocando o tempo todo lado mal Vs lado bom, como se fosse um filme do Star Wars, ja já aparece o Zelensky com um sabre de luz azul e o Putin com um vermelho. :lol:
 
Bando de idiotas:

UOL Confere: Militantes do MBL e do PCO brigam na frente de consulado da Rússia no Rio.
Dancem macaquinhos, dancem no palco.

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Não tome lado na guerra, porque ninguém está do nosso lado (as pessoas ordinárias).

Deixe os titãs brigarem e fique preparado.
 
Última edição:
A cobertura da grande mídia está um espetáculo. Ontem no Fantástico um especialista disse que essa é a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial em que um país invade outro. Eu não fazia ideia que o mundo estava em paz faziam 70 anos.
 
A cobertura da grande mídia está um espetáculo. Ontem no Fantástico um especialista disse que essa é a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial em que um país invade outro. Eu não fazia ideia que o mundo estava em paz faziam 70 anos.

Orra... não é possível. Onde eles andam achando esses especialistas? No TikTok?

Não é "grande mídia", mas o Informativo Meio, do Pedro Doria, é outro exemplo: completamente pautado pela imprensa americana. É só olhar pra seleção do resumo de notícias deles, está lá: The New York Times, The Washington Post, The New Yorker... e o Pedro Doria está com essa leitura do conflito como uma coisa entre mocinhos e bandidos, em que você necessariamente deve assumir um lado - o lado da Ucrânia e do Zelensky. No fim das contas, tudo se resume a uma pulsão autocrática, imperial, expansionista do Putin (e tome interpretação personalista!), que estaria se aproveitando do momento de fragilidade das democracias ocidentais para alterar as regras do jogo da geopolítica. Ele só não explica isso muito bem. Em outro lance, diz que a invasão se explicaria pelo temor do avanço das conquistas democráticas na fronteira russa. Ou seja, é uma guerra do Oriente autoritário contra o Ocidente e seus valores democráticos. Desconsidera completamente a questão do avanço da OTAN, que ele diz ser um mero pretexto. No conjunto, acho rarefeito, reducionista e capenga.

Quem tem dado a melhor leitura, na imprensa, a meu ver é mesmo o Reinaldo Azevedo. E sem poupar o Putin ou a Rússia...
 

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