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[Círculo da Lei XI] Julgamento de Gandalf

  • Criador do tópico Criador do tópico Bel
  • Data de Criação Data de Criação
Glamdring: faz parte do pagamento dos anões ou não? Justifique.

De forma alguma. Todos os contratos com os anões envolviam os saques relacionados à missão, ou seja, ouro e jóias e tudo o que o dragão guardava. Quando encontramos as espadas na caverna dos trolls, concluímos que seriam boas ferramentas para usarmos na jornada. Não era qualquer tipo de recompensa.

Você usou Narya para convencer Thorin ou os outros anões a ir atrás do tesouro?

Eu não controlo esta relíquia como se fosse uma alavanca ou um cachimbo. O poder irradia constantemente ao meu redor por onde caminho. Não tive qualquer decisão de usá-lo, mas - devido à sua natureza - não é possível não usá-lo.
 
Dado o término das deveras longínquas petições iniciais e do interrogatório às testemunhas de Defesa e Acusação esta vem dar prosseguimento ao julgamento, fazendo suas CONSIDERAÇÕES FINAIS.

É sabido que Gandalf, o Cinzento, está sendo peça de julgamento por duas razões, que serão breviamente expostas, a fins de recordação das partes:

i) Confabular para se apossar do espólio da Montanha Solitária: o réu arquitetou as mortes dos Anãos de forma astuta e sorrateira – intento esse impedido por Bilbo, do Condado –, para gozar da posse do tesouro então guarnecido por Smaug, na Montanha Solitária.
ii) Agir de forma omissa nos eventos precedentes à Guerra do Anel: o réu muitas vezes por cobiça deixou de cumprir seu papel de égide da Terra Média, em eventos que, se cumpridos fossem, evitariam o auge das forças de Mordor e das forças malignas que abateram a Terra Média na Terceira Era.​

Após exaustivas apresentações de ambos os dois pontos, deu-se início às inquirições levantadas pela Defesa e Acusação contra suas testemunhas, da qual se faz um pequeno resumo aqui:

i) Thráin II, testemunha da Promotoria, profere seu depoimento, no qual detalha como o Mago o ludibriou para que contasse sobre o mapa e a clave, usando seus feitiços para fins escusos: o início do plano de se apossar do tesouro dos Anãos, estava aí arquitetado.
ii) A testemunha, mais uma vez, é inquirida sobre o encontro: detalha o desleixo de Gandalf em não conferir sua liberdade, se preocupando apenas com o tesouro desejado e os meios no qual o obterá.
iii) A Defesa, então, faz duas perguntas à testemunha, em contextos que escapam totalmente ao ocorrido em Dol Guldur: a impressão primeira de Gandalf entre os Anãos e o conteúdo das conversas entre Thráin e Bilbo, no Condado, sobre o réu.
iv) O Júri faz uma única pergunta sobre uma questão de natureza secundaria no âmbito do presente: a posse de um dos Sete Anéis dos Anãos pelo réu. A testemunha chega inclusive a maldizer a Promotoria que abraçou sua angústia contra o réu, maldição essa que, Eru queira, tal se arrependerá até o último suspiro.
v) Galadriel, testemunha da Defesa, se dirige ao Júri, traçando um discurso de bom mocismo em cima do réu, delineando suas qualidades e habilidades (elencos que não passam de obrigação).
vi) A Dama de Lórien, arguida sobre as imputações levantadas no presente julgamento, repugna-as, reafirmando mais uma vez a integridade do réu, dizendo que a feitiçaria de Gandalf estaria mais a cargo do réu do que a formação de uma sociedade que logo desmanchar-se-ia (pelos ardis do próprio arquiteto) e que o resultado da Guerra do Anel foi em grande parte obra do réu.
vii) O réu em pessoa fala que – inquirido sobre a demora em revelar a posse do mapa e da chave – julgou o colóquio com os Anãos e Bilbo em Bolsão mais apropriado do que a reunião com Thorin em Bri para fazê-lo. Inquirido novamente, sobre a omissão para com Denethor, nega sua importância política, afirmando que seu papel não é influenciar os governantes.
viii) Finalmente, arguido sobre "suas versões dos fatos", o réu fala que:
i) Quem falou com Thráin em Dol Guldur fora as maquinações de Sauron travestidas, não o réu em si (chegando tarde demais para libertá-lo)
ii) Seu espírito aventureiro o impediu de cobiçar Orthanc
iii) Os supostos escassos gastos que ganhou do tesouro da Montanha Solitária gastou com a assim denominada erva.


***​

Percebendo a natureza dos depoimentos outrora prestados, é notável que a Defesa pouco utilizou-se para analisar as acusações impostas – o depoimento de Galadriel, exempli gratia, mais se assemelha a um panfleto biográfico do que a uma abordagem jurídica propriamente dita.

A oportunidade de ao menos enfraquecer as acusações impetradas foi solenemente perdida...

No que diz respeito ao ardil de Mithrandir para ter para si o tesouro da Montanha Solitária, e, em primeiro lugar, da posse do mapa e da chave para acessá-lo (em tenebroso encontro com Thráin), os argumentos apresentados pela Defesa são insustentáveis: o réu não liberou o anão das garras do tirano Sauron por simples medo, não revelou a já referida posse por vontade própria apenas, e em hipótese alguma sê-lo-ia admissível imaginá-lo roubando o tesouro de tão estimado povo. De igual modo, as magias do réu o impediriam de formar grupo para acessar Erebor: apenas a vontade de submergir Thorin em magia já seria necessário para lográ-lo – sim, Júri, a mesma magia que fora demasiado fraca para libertar Thráin.

Quanto à segunda acusação, o réu não cobiçou Orthanc e Saruman pelo espírito aventureiro – ficar encastelado envolto em uma floresta não é da natureza do impetrado –, não aconselhou Denethor pois não influencia os governantes da Terra Média – como se o episódio em que libera o monarca de Rohan das garras do Bruxo de Isengard fosse um laivo de insensatez –, e, claro, jamais agiria de forma oblíqua no tangente à Guerra do Anel.

Se os jurados consideraram a priori as acusações como fracas ou inconsistentes, a inanição da Defesa em refutá-los (usando argumentos que beiram o ridículo, como a tal erva, como subterfúgio) seja como prova de reconsideração. Deva-se considerar, de igual modo, que a gravidade das impugnações, já largamente aqui expostas, é, per se, motivo satisfeito de punição exemplar para o impetrado.

Considerai o seguinte, ó senhoras e senhores: quantos problemas no mundo foram resultado de sua louca negligência? Quantas mortes foram resultado direto e indireto da sua perniciosa ambição por um lado e ridícula falta de ação do outro?

Para concluir, fazemos um apelo a cada um de vós, ó jurados, para que não ignoreis o comportamento absurdo e a mentalidade nebulosa do réu, um indivíduo miserável, totalmente desviado do seu caminho, um fazedor de intrigas, um sujeito tolo e egoísta que infelizmente há muito se perdeu e não demonstrou traço algum de arrependimento, estando mais ocupado em fumar erva do que em refletir sobre seus erros. Fracassou completamente em seu papel no grande esquema das coisas e na maioria das vezes mais atrapalhou do que ajudou.

É realmente uma pena que um ser tão grandioso tenha chegado tão baixo, mas ele fez suas escolhas, e todos vimos o rápido avanço do caos no mundo como seu trágico resultado. O destino desse infeliz está em vossas mãos, ó jurados! Ponderai sob a luz dos fatos e tomai vossa decisão.

A Acusação termina seus escritos inspirada nas palavras de Thráin: que o réu seja exemplarmente punido pelo seu torpor.


Promotoria da Boa e Velha Arda:
Giuseppe
Nírasolmo
 
Última edição:
P.S.: confesso que nesse texto aí em cima teve uma parte em que eu chamei o Gandalf de desgraçado mas a equipe censurou. :anjo:
** Posts duplicados combinados **
@Nírasolmo fico imaginando se o pessoal percebe quais trechos é você que escreve e quais sou eu.
 

EXCELENTÍSSIMA SR.ª DR.ª JUÍZA DO EGRÉGIO MÁHANAXAR


HONRADOS JURADOS


SENHORAS E SENHORES PRESENTES NESTE JULGAMENTO


GANDALF, O CINZENTO, por meio de sua DEFESA, já qualificada, vem, por meio desta, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS.


Aproveita esta oportunidade para relembrar os fatos ditos controvertidos - "ditos" controvertidos, pois, como se verá, basta debruçar-se brevemente sobre os argumentos e as provas ora coligidos para perceber, de forma indene de dúvidas, a insubsistência de qualquer dúvida, sobressaindo-se evidente a inocência do réu.



Os pontos sub judice podem ser assim resumidos:

  1. O réu teria planejado ardilosamente a morte dos integrantes da companhia de Thorin para apropriar-se do tesouro da Montanha Solitária.

  2. O réu teria sido negligente no cumprimento do seu dever durante a Guerra do Anel.

  3. O réu teria se recusado a enfrentar Saruman sabendo - em teoria - que havia algo suspeito acontecendo em Isengard.

  4. Que Gandalf teria usado a primeira testemunha, Thrain II, para dele extrair informações, posteriormente abandonando-o para morrer em Dol Guldûr
  5. O réu teria roubado para si um dos Sete.



Em suas alegações finais, a acusação afirma, resumidamente, que:

  1. Os depoimentos não teriam respondido as questões, tendo se resumido a “panfletagem”, dizendo, ainda, que a defesa não refutou as acusações - motivo pelo qual o réu mereceria “punição exemplar”.

  2. Pede que os jurados considerem “quantos problemas no mundo foram resultado de sua louca negligência? Quantas mortes foram resultado direto e indireto da sua perniciosa ambição por um lado e ridícula falta de ação do outro?”


Já a defesa vem, neste momento, afirmar convictamente o oposto:

  1. Os argumentos e depoimentos colhidos abordam precisamente cada acusação contra o réu, sendo absolutamente descabida sua condenação, quanto mais uma “punição exemplar”.

  2. Pede que os jurados considerem quantos problemas no mundo foram RESOLVIDOS pela atuação diligente de Gandalf, direta ou indiretamente? Podemos citar, de plano, a recuperação da Montanha Solitária, a derrota do Necromante no norte, a proteção do Condado (que mostrou-se essencial à vitória na Guerra do Anel), a captura de Gollum, a descoberta do anel - justo a tempo de salvá-lo dos Nazgul, além da própria guerra do Anel como um todo, em que, devemos lembrar, o réu sacrificou sua própria vida pelos Povos Livres!


Relembramos, ainda, os principais fatos elucidados ao longo da instrução.


A Senhora Galadriel, de grande sabedoria, por todos aqui respeitada, afirmou que:

“eu conheci e conheço a sombra da Cobiça e da Ganância, sei reconhecer quando a luz dos olhos de qualquer criatura brilha sob essa sombra. Pude ver quando essa sombra assolou a mente e o coração de Fëanor. (...) [Sobre o réu] eu perscrutei sua mente e espírito e encontrei nada além de uma vontade inabalável de cumprir sua tarefa com afinco e dedicação. Nunca houve o menor resquício de sombra em seus olhos.“


O trecho é relevante, pois a alegada natureza de cobiça do réu é um ponto crucial da acusação.


Mas não apenas isso a testemunha trouxe aos autos. Disse ela a respeito da acusação de tentativa de roubo dos anões:

“ Mithrandir respeitava o povo anão do mesmo modo que respeitava todas as outras criaturas da Terra-média, exceto as criaturas servas do Mal. Se ele de fato quisesse se apoderar do tesouro, não precisaria formar uma companhia, muito menos procurar um integrante tão diferenciado (e considerado inútil por muitos) quanto um Hobbit.”


E, também, acerca da traição de Saruman:


“Mithrandir não é um ser infalível, como sua estatura poderia fazer parecer. Sim, muitos erros foram cometidos, que quase puseram tudo a perder. Mas não foi sempre assim? Não foi o mundo moldado pelos erros e acertos de entidades ancestrais? Ora, Mithrandir, assim como eu, percebeu que algo de sombrio estava acometendo o coração de Saruman e o único erro de Mithrandir foi se ater à hierarquia e respeitar sua própria Ordem, mas isso não é crime. Não era de seu feitio tomar para si a autoridade de outros, exceto quando isso se provou inevitável para impedir que o Mal se alastrasse, e assim ele o fez, quando a hora chegou, reparando seu erro inicial. Ora, Saruman era tão versado nas artes mágicas e conhecimentos profundos quanto Mithrandir, e soube esconder de maneira extraordinária seus intentos tanto quanto possível.”



A testemunha afastou qualquer dúvida que pudesse ser cogitada de que o réu teria desejado se apossar de um Anel dos anões:

“Mithrandir não precisava de Anéis de Poder, tendo ele mesmo portado um dos Três. Principalmente porque os Sete já haviam caído sob o domínio do Um. Se houvesse algum indício de cobiça por parte de Mithrandir quanto aos Anéis de Poder, ele não gastaria seus recursos e tempo atrás de anéis menores, como os Sete. Teria ido direto ao Anel-mestre, do mesmo modo que Saruman intentou. Creio que não existe prova maior da inveracidade desses fatos quanto o que acabei de relatar a este tribunal.”


Não se pode olvidar, outrossim, do próprio relato do réu. Sustentou Gandalf sua inocência, oferecendo relato coerente de suas próprias ações e motivações - diferentemente de Thráin, que, desvairado, não foi capaz de se expressar de forma coesa.


Assim relatou o réu sobre duas das principais acusações feitas contra ele (intenção de sabotar os anões e incapacidade de controlar a Denethor em sua loucura):

“Mantive o mapa e a chave sob meu poder até aquele momento porque achei que era o certo a fazer. Thráin resolveu usar o mapa por conta própria e só trouxe desventura a sua própria vida. Se tivesse dito antes aos anões, cegos em sua ira, provavelmente teriam partido antes - sem Bilbo - em direção a uma morte estúpida e sem serventia. Era necessário primeiro convencê-los de que precisavam de um ladrão, e em Bolsão entenderam o motivo. Decidi o momento mais conveniente para o plano.


(...)


Denethor era legitimamente o regente. Nós magos não estamos aqui como reis ou imperadores, muito menos deidades a quem os mortais devam algum tipo de obediência. Não dei ordens a Théoden e nem a Aragorn, também não teria o direito de fazê-lo com Denethor. Se era dele o cargo governante, então a única coisa que me resta é a de tentar influenciá-lo. Nesse sentido, sua habilidade de ler mentes era muito inconveniente, já que tornava quase impossível manipulá-lo para o que eu queria.


Ele era uma personalidade complicada, mas sua insanidade não era clara no começo. Havia pouca distinção entre o grau de sua loucura e uma excentricidade negativa e autoritária, se é que ele era louco naquele momento. Perdeu a cabeça completamente durante a guerra, e qualquer um que tenha estado lá sabe que não é uma experiência para os mentalmente fracos.”


Igualmente, sobre o pagamento que esperava pela sua participação na retomada da Montanha Solitária, o réu não buscou retratar-se como um santo, acima de qualquer pretensão mundana. Não: o réu foi absolutamente franco e apresentou versão consistente ao longo de todo o processo, não tendo jamais incorrido em contradições. Veja-se:


“O tesouro pertence aos anões, e naturalmente deveria retornar a eles. No entanto, eu não tinha obrigação nenhuma em ajudá-los, e essa não era minha missão na Terra Média. Era justo, se meus préstimos foram tão úteis e decisivos nessa retomada, que um pagamento me recompensasse. Os anões sempre foram bons comerciantes e sempre se dedicaram a trabalhar como ferreiros, recebendo devido pagamento pelos seus negócios. Com certeza entendem o valor de uma retribuição adequada a um esforço incomum. Não quis tudo, ou sequer um quatorze avos do saque - o que preferi que fosse destinado a Bilbo.”



Em conclusão, o problema aqui exposto pode ser resolvido pelo princípio lógico da Navalha de Occam, segundo o qual “a explicação para qualquer fenômeno deve pressupor a menor quantidade de premissas possível”.


Quais premissas são necessárias para que o réu seja realmente culpado? Primeiramente, teríamos que acreditar que a Senhora Galadriel prestaria falso testemunho diante deste Tribunal. Depois, que o mesmo réu que arriscou seu pescoço pelos anões continuamente estaria disposto a sabotar a empreitada que ajudou a conceber - em troca de riquezas às quais teria acesso fácil em razão da proximidade com nobres e reis. Teria que ter tido muito trabalho em troca de algo que poderia ter com muita facilidade. Depois, teria que ser uma mente criminosa excepcionalmente hábil na primeira acusação, e um incompetente para que a segunda acusação fosse verdadeira, o que é uma contradição entre as próprias acusações. Por fim, mas não menos importante, teria que ser, em momentos, uma criatura vil e mesquinha, para, no momento seguinte, sacrificar sua vida lutando contra um Balrog para salvar o mundo.


Por outro lado, a premissa necessária para que o réu seja inocente é só uma: que o réu não é onipotente e onisciente mas fez o seu melhor.




Termos em que a DEFESA pede a ABSOLVIÇÃO do réu.
 
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