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Um Hobbit Preto n’O Senhor dos Anéis da Amazon

  • Criador do tópico Criador do tópico Deriel
  • Data de Criação Data de Criação
O problema não é que o Sauron seja o vilão principal da série; o problema é que já tem um pessoal aí achando que vão fazer o vilão carismático demais para desvirtuar as alminhas cristãs, induzindo-as ao erro, e deformar o imaginário das crianças.
Mas, como vc sabe, é justamente esse carisma monster que torna toda a corrupção verossimil no contexto da saga. Não é à toa que, na comparação, o Javé do Paraíso Perdido do Milton parece um tirano em comparação com o "heróico" Satã*.

*vejam o debate a que isso deu causa

O Tentador usa, inclusive, a Verdade como arma para seduzir. É por isso que a teologia do Milton e a própria canônica judaico-cristã são fecundamente debatidas até hj. Óbvio que Tolkien não ia ser exceção pra essa regra e fazer as pessoas debaterem e tomarem conhecimento dessas controvérsias faz parte do processo de empoderamento no intelecto, conhecimento e na construção da fé de todo mundo.

A propósito, o análogo do Annatar-Melkor do Príncipe Dragão tb é o Rei do Charme e da melifluosidade e tem até um dos títulos como sendo quase tradução literal de Annatar, The Bearer of Gifts, Portador de Dádivas enquanto Annatar é o "senhor" das tais.


Recomendo :)

Se tem uma obra cujo cânone vai possivelmente servir de template pra série da Amazon em termos de representativade e multiculturalismo pós colonialista é essa aí.


 
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Bem por aí mesmo. Tolkien sempre enalteceu os atributos físicos da galera, principalmente de quem já teve algum pezinho em Aman. Tá na hora disso ser bem representado nas telinhas. O Annatar é pra ser nada menos que um deslumbre.
Aquelas fadinhas diáfanas e anêmicas do PJ não estão com nada. Não vejo a hora de alguém dar uma repaginada na visão homogênea da TM criada pelos filmes. É muito bem vinda a variação do cardápio para termos mais interpretações distintas.
Por isso me incomoda muito toda hora que alguém vem com as ideia torta de manter tudo igual aos filmes do PJ. Bater o pé porque quer fidelidade ao livros originais, vá lá. Eu acho ilusão, mas tem algum propósito, ao menos. Mas bater o pé por fidelidade ao filme que é uma adaptação? Aí já é demais.
Cardápio.

Sim eu sei disso tudo, por isso que falei que muitos vão adorar, é mais que óbvio. Vai ser um pavãozão mesmo. O esteriótipo do "Annatar" da Amazon está em vários filmes/séries/desenhos. O Misty do Cavaleiros do Zodiaco é um deles, inclusive aquele Thranduil do PJ, mas vai ser muito melhor (pra quem gosta de coisas do tipo).

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Faz tempo que li O Paraíso Perdido do John Milton e com aquele português escrito na máquina escrever. E pelo que me lembro, Satã não tem nada de heróica a travessia dele do inferno até a Terra. É um cuzão no mesmo nível do Crowley de Supernatural.

Acho pouco provável que eles façam um Annatar com a cara dequele desenho de São Sebastião. É provável que seja alguém parecido com a garota do comercial da Coca-Cola pra gerar dúvida e estranhamento no público quanto ao gênero do maia, pois o corpo ali é só uma das vestimentas que usa. Isso, se seguirem a cartilha pós-moderna e não inventarem de chamar o Peter Dinklage pro papel.

Não sei de onde tiram essa idéia de que os filmes do Peter Jackson são intocáveis, os próprios produtores da série e vários sites de entretenimento e cinema é que usam de balde as imagens da trilogia quando querem falar da série. Antes de a Amazon revelar a série, um monte de malandro aqui da Valinor batiam no peito e maratonavam várias vezes... agora não valem mais.

Aí, Ilmarinen, o que acha dessa artista que faz obras renascentistas no metal?

esculturas_Luo_Li_Rong_02.webp

https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=42390
 
O Satã do Paraíso Perdido é "heróico" nos mesmos moldes "homéricos" do Fëanor do Silmarillion, orgulhoso, intempestivo, mas "corajoso" até o ponto em que isso é um defeito.


But Fëanor is more than a mid-twentieth century reworking of early nineteenth century literary tropes. He operates on a much more mythological scale, and takes the Byronic Hero back to its roots – the raw charisma and heaven-shaking stupidity of Milton’s Lucifer – even while his character arc becomes defined by an interaction with Tolkien’s own Satan figure. Fëanor has genuine rhetorical power, which he uses to sway the Noldor (and the reader), just as Melkor/Morgoth gets others on his side during his musical revolt against Eru – in a sense, the conflict is the rebellious Lucifer of popular imagination set against the actual Devil, within the same story.

Depois é, claro, como bem observou C.S. Lewis no seu livro estudando o épico, ele vai, progressivamente, se degradando.

A nossa sociedade Pós Iluminista e pós Segunda Guerra está muito mais acostumada a duvidar de algo assim e achá-lo aquém do ideal de heroísmo tal como o concebemos. Nós vimos, em primeira mão, as consequências de um tipo daqueles solto por aí. Inclusive, eu penso que Tolkien, desconstruindo Wagner, Spencer e o próprio Milton, foi um dos fatores que fizeram a cultura ocidental reformular muito o ideal heróico como era originalmente concebido e visualizado até o ponto em que a gente passa a perceber o Satã miltoniano como uma coisa meio caricata.

Eu recomendo DEMAIS essa tradução do Paraíso Perdido que já caiu no domínio público aí. É mais fiel e "inspirada" do que as outras que já vi. E foi indicada por Manuel Bandeira pra Acadamia Brasileira de Letras. Isso apesar de verter o poema do Milton em prosa poética.


A propósito o Phuulish Fellow acabou de fazer um ensaio a respeito dos Hobbits na Segunda Era que, muito provavelmente, vale a pena ser conferido.

 
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A adaptação cinematográfica do Peter Jackson em cima do SdA que o Christopher Tolkien repudiou* fez as vendas dos livros de Tolkien DECUPLICAREM ao redor do mundo. E o próprio CT, que estava sem publicar nada havia mais de uma décaada e meia , resolveu retomar o editamento e publicação de material inédito do pai dele por causa do interesse em Tolkien aumentar e tornar essas obras economicamente mais interessantes pro millieu editorial.

*https://www.indiewire.com/2013/01/c...k-beauty-and-seriousness-of-the-books-102485/ (eu mesmo tenho minhas sérias ressalvas com a versão do PJ mas jamais preferiria que os filmes nunca tivessem sido feitos)
http://tocace.conselhobranco.com.br...discordia-entrevista-com-christopher-tolkien/


A entrevista do CT traduzida na íntegra aí em cima.

Mas nada disso realmente incomoda a família, até que os filmes de Peter Jackson saíram. É a estreia da primeira parte da trilogia, em 2001, que altera a natureza das coisas. Em primeiro lugar, por ter um prodigioso efeito na venda dos livros. “Em três anos, de 2001 a 2003, 25 milhões de cópias de O Senhor dos Anéis foram vendidas – 15 milhões em inglês e 10 milhões em outras línguas. E no Reino Unido as vendas aumentaram em 1000% após a estreia do primeiro filme da trilogia, A Sociedade do Anel“, afirma David Brawn, o editor de Tolkien na HarperCollins, que detém os direitos para os países de língua inglesa, com exceção dos Estados Unidos.
No ensaio do Phuulish Fellow*, o autor comenta que ele acha que existe uma possibilidade de que os Hobbits negros da série da Amazon sejam um chamariz "ovelha" do sacrifício" que irá servir de ponto de identificação primário pro espectador ver, a la Tar Elmar, COMO e até que ponto os numenoreanos se perverteram.

*https://phuulishfellow.wordpress.co...d-age-hobbits-work-amazon-series-speculation/

Ou seja, se os elfos da Primeira Era podem ter quase extinguido os Noegyth Nibin sem perceber sua natureza, coisa igual ou pior pode ter acontecido com os numenoreanos já "ensombrados" pela influência de Sauron, levando-os a eliminar os hobbits "tribalistas".

Tb há a possibilidade de que o entrevistado, sendo um comediante, esteja exagerando ao descrever os planos da Amazon, trollando a audiência, criando intencionalmente polêmica para atrair atenção pra franchise.
 
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Nem o autor do artigo acredita numa sandice dessas de negros como sacrifícios pra atrair a massa casual à série da Amazon.

Não estamos mais em 2001, Ilmarinen. E basta lembrar que foi um ano de avanços de tecnologia em filmes sem igual e que começou lá com Titanic em 1997, época em que o PJ já se animou a esboçar o SDA, e explodiu cabeças como surgimento de Matrix em 1999 que norteou os rumos do primeiro filme Tolkieniano.

E de 2020 pra cá, o que surgiu de arrebatador e que dita tendências audiovisuais? Nada. A série da Amazon vai se colar no Game of Thrones feelings, na chuva de referências aos filmes como fez Star Wars mal e porcamente e alguns easter-eggs dos livros pros sites e blogs comentarem com thumbs “ [insira aqui seu número] coisas que você não percebeu na série ” e nada mais. Da tão esperada série Fundação só vi uma meia dúzia de vídeos do primeiro ep e quase nada do restante. Mas era hype antes de sair.

Se tudo o que a série oferece em termos de notícias são Hobbits Tribalistas, paciência. Não vou ficar surpreso com o que vier logo a seguir. Chuto uns elfos não-binarios, anxs e orcs piadistas.
 
Então o motivo dos hobbits negros é guerra de raça/classe (brancos colonizadores matando negros e outros tribais)? Acho que não hein, embora tenha chance. Eu tenho uma teoria melhor mas vou esperar pra ver. Talvez eu fale, se realmente eles tiverem a pachorra.
 
Se tudo o que a série oferece em termos de notícias são Hobbits Tribalistas, paciência. Não vou ficar surpreso com o que vier logo a seguir. Chuto uns elfos não-binarios, anxs e orcs piadistas.
E agora Isildur já no terceiro episódio. Fiquei com medo.
 
É, pelo visto eles vão juntar Celebrimbor e a queda de Númenor tudo num menor espaço de tempo...
 
Ou vão usar o Isildur como um relator de flashbacks com diversas histórias ocorridas em períodos diferentes de tempo mas contadas dentro de uma mesma temporada.

Cronista semi-onisciente, a la Ukko no Sláine-Horned God.

 
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Pode chamar de Estel :)

A Esperança élfica vai bem nessa linha.

Or, will this show somehow cover two different timelines? One at the beginning of the Second Age showing how the Elves were fooled by Sauron into making the Rings of Power. Then, another timeline showing the later stages of that Age as Sauron manipulates the Numenoreans and corrupts them from within?

Ou vai que a aparição do Isildur é uma visão do futuro de alguém visualizando em algo estilo Espelho da Galadriel.
200.gif


Ou o próprio lendo alguma crônica nas bibliotecas de Númenor ainda intactas Pré Akhalabêth, mostrando que tudo visto até então era uma retrospectiva do passado. De maneira que a série poderia tricotar entre dois períodos históricos diferentes. Mais ou menos como o livro A Coisa do Stephen King ou a Maldição de Hill House da Netflix.

 
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Ou vão usar o Isildur como um relator de flashbacks com diversas histórias ocorridas em períodos diferentes de tempo mas contadas dentro de uma mesma temporada.

Cronista semi-onisciente, a la Ukko no Sláine-Horned God.


Pode ser, mas sei lá, adicionar um narrador que só apareceria in loco em temporadas seguintes... para série de TV isso seria uma escolha bem ambiciosa e arriscada de não funcionar. Aposto numa infidelidade em relação à cronologia de Tolkien, mesmo. Se estão adicionando até hobbit maori....
 
Pode chamar de Estel :)

A Esperança élfica vai bem nessa linha.



Ou vai que a aparição do Isildur é uma visão do futuro de alguém visualizando em algo estilo Espelho da Galadriel.
200.gif


Ou o próprio lendo alguma crônica nas bibliotecas de Númenor ainda intactas Pré Akhalabêth, mostrando que tudo visto até então era uma retrospectiva do passado. De maneira que a série poderia tricotar entre dois períodos históricos diferentes. Mais ou menos como o livro A Coisa do Stephen King ou a Maldição de Hill House da Netflix.


Ou, deixando mais progressista possível, o diretor pode usar o discurso de Isildur em off, mantendo o rosto dele em close e ir se afastando lentamente para um plano geral. Até revelar que é apenas a cabeça dele numa estaca que foi colocada pelos orcs após ser morto nos Campos de Lis. Congela a cena usando filtros azuis e volta com Isildur perguntando "Por que tomei essa decisão? Bem... para isso precisaremos recuar no tempo, a um tempo aonde os deuses cantaram em louvor a um Deus egoísta. E só um ousou questionar a melodia imposta. Ser livre e pagar o preço da dissonância" .

Aí usa os paranauê dos efeitos e outras tecnicas para cativar a galera enquanto mostras os Eternos... digo, os Ainur superfluidos.
 
Ou, deixando mais progressista possível, o diretor pode usar o discurso de Isildur em off, mantendo o rosto dele em close e ir se afastando lentamente para um plano geral. Até revelar que é apenas a cabeça dele numa estaca que foi colocada pelos orcs após ser morto nos Campos de Lis. Congela a cena usando filtros azuis e volta com Isildur perguntando "Por que tomei essa decisão? Bem... para isso precisaremos recuar no tempo, a um tempo aonde os deuses cantaram em louvor a um Deus egoísta. E só um ousou questionar a melodia imposta. Ser livre e pagar o preço da dissonância" .

Aí usa os paranauê dos efeitos e outras tecnicas para cativar a galera enquanto mostras os Eternos... digo, os Ainur superfluidos.
Os "deuses com sua falsa moral" para serem bajulados.

Se escrever melhor que isso vira um épico Elring. Depois de Celebrimbor rival de Sauron só pelo desejo de dominar o mundo, o céu (ou o inferno) é o limite.
 
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Ou, deixando mais progressista possível, o diretor pode usar o discurso de Isildur em off, mantendo o rosto dele em close e ir se afastando lentamente para um plano geral. Até revelar que é apenas a cabeça dele numa estaca que foi colocada pelos orcs após ser morto nos Campos de Lis. Congela a cena usando filtros azuis e volta com Isildur perguntando "Por que tomei essa decisão? Bem... para isso precisaremos recuar no tempo, a um tempo aonde os deuses cantaram em louvor a um Deus egoísta. E só um ousou questionar a melodia imposta. Ser livre e pagar o preço da dissonância" .

Aí usa os paranauê dos efeitos e outras tecnicas para cativar a galera enquanto mostras os Eternos... digo, os Ainur superfluidos.
Para falar a verdade, eu estou começando a achar que a série vai ter mesmo uma pegada fora do jeito convencional, linear e cronológico, com o qual esse tipo de história costuma ser adaptada. Acho que é, de fato, possível que eles vão contar a história em dois ou mais períodos diferentes entrelaçados por uma sequência ou artifício frame estilo o Livro Vermelho da Marca Ocidental.

Narrar os eventos do final da Segunda Era e os do Forjamento do Anel, Guerra dos Elfos com Sauron, Akhalabêth em sequências entrelaçadas e refletindo uma à outra. Estilo mesmo Maldição de Hill House, Legado de Júpiter e Lost com seus trocentos flashbacks.

Eu até curti a Tarantinada* 8 odiados que vc deu aí em cima, só achando que ficaria melhor as reminiscências ocorrerem no cenário canônico das águas frias do Anduim. E, lógico, não acho que o viés "progressista" vai ser tão na contramão dos valores do Tolkien não. O que eu acho é que vão dar uma tônica de gênero mais contemporâneo em termos de narração. Aquele cruzamento de Fantasia com Noir-Terror que a gente vê em alguns Lovecraft em mídia audiovisual ( The Resurrected), no A Coisa do King (principalmente livro) e coisas assim.

*e por falar nisso...


É muito discutido como sendo o elemento diferenciador desse material aí:

Aliás, o embuste de Sauron com Celebrimbor e os joalheiros de Eregion trás à mente, totalmente, um cenário meio Os Suspeitos do Bryan Singer.


Nessa linha de enfocar o engodo e a trapaça do Sauron como um Annatar sedutor com lábia eu recomendo esse aí:


Vai que não é à toa que os streamings estão tão à vontade com o Nordic Noir. Um cruzamento disso com o gênero de Alta Fantasia ia ser interessante. E fazer isso usando fantasia tolkieniana como tubo de ensaio ia ser ousado ao ponto de quase inaugurar um gênero novo.


 
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Ler esses artigos só aumentou meu pesar. Vou ser bem franco, se tu ou Imrahil ou o Décimo estivessem na equipe de roteiristas desta série, dormiria tranquilamente pois sei que tem gente que entende não só de Tolkien mas de outras mitologias cultura em geral.

Mas não tem. Os melhores da equipe de produção têm crédito por um ou dois episódios no currículo e outro só estão lá por terem trabalhado na mesma produção. Isso de história fragmentada e fora de ordem temporal foi muito bem usada na série The Witcher e no filme Amnésia. E querer que eles façam algo parecido em uma saga prevista pra ter cinco temporadas é mirar a lua. Mesmo fazendo histórias fechadas de dois ou três episódios pode acabar em algo parecido com o final de Lost com várias pontas soltas que foram amarradas que nem novelo de gato.
 

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