Eu sou contra o aborto, mas não exatamente nos 3 casos citados: risco para a mãe, estupro e anencéfalo.
Risco de vida da mãe
Muito bonito falar "ah, mas ela deveria se sacrificar pelo bebê". Tá e quem cria o bebê depois? O pai??? Tem noção da dificuldade que é para um pai cuidar de um recém-nascido sozinho??? E a criança muito provavelmente vai precisar de leite materno e não vai ter, vai tomar outro tipo de leite (como aquelas fórmulas que não são capazes de substituir os anticorpos do leite materno.)
E outra... a mãe, sobrevivendo, pode engravidar de novo e ter vários outros filhos. Nesse caso, seriam várias vidas sendo preteridas por uma, fora o sofrimento do pai e dos familiares pela morte da mãe... Tem muitas variáveis em jogo.
Estupro
Estão esquecendo na discussão desse caso um detalhe muito importante: se você soubesse ou viesse a descobrir que é filho de um estuprador e fruto de um estupro, como se sentiria???
O trauma é tão grande para a criança - ou adulto que vai se tornar - quanto para a mãe, especialmente se nascer menina / mulher.
E se for homem vai morrer de medo de "se tornar igual ao pai".
Você passaria a vida se questionando se "tem genes ruins, de maldade".
É muito fácil, nós, que nascemos do amor entre pai e mãe - ou pelo menos de uma relação consensual, em que houve prazer no momento - falarmos sobre como seria essa criança. A verdade é que ela só seria psicologicamente saudável se não soubesse a verdade... mas mais cedo ou mais tarde, vai querer saber ou vai descobrir!
E isso significa obrigar a mãe a passar o resto da vida lembrando com mais de 20x a intensidade que o trauma deixaria normalmente tudo o que aconteceu, todo maldito dia (mesmo que ela não crie). Isso impede que a mãe supere e siga em frente! E a criança gerada - igualmente - nunca vai conseguir superar também.
Particularmente, considero insuperável de um jeito ou de outro, e acho que eu me suicidaria se acontecesse comigo... mas tem gente que consegue, então....
Anencéfalo
É igualmente torturar os pais. Não existe a mais ínfima chance de sobreviver. Todos sabem que ele vai morrer assim que sair da barriga.
Nesse caso o aborto é misericordioso. É amenizar o sofrimento de todos: dos pais, da família e do próprio bebê.
Imoral é obrigar a mãe a carregar essa barriga por 9 meses sem esperança nenhuma, fazê-la sofrer de propósito... e essa gravidez também ficará martelando na cabeça dela pelo resto da vida, causando um trauma tão grande que ninguém mais tem capacidade de entender. O pai é o que chegaria mais próximo, se acompanhasse de perto... mas ainda assim, ele não teve que sentir na pele, no próprio corpo.