[off] Oi, pessoal, peço desculpas pelo atraso absurdo. Eu passei por vários problemas pessoais bem delicados as últimas 3 semanas. Vou tentar honrar meu compromisso da melhor maneira possível. [/off]
Galadriel, que relato apresentas a este Círculo da Lei a respeito dos fatos imputados ao réu, em especial às acusações apresentadas na denúncia e na versão dos fatos apresentada pela primeira testemunha?
A título de esclarecimento, os fatos controversos são: o réu teria planejado ardilosamente a morte dos integrantes da companhia de Thorin para apropriar-se do tesouro da Montanha Solitária
Me parece muito estranho que essas acusações possam ter sido promulgadas em relação a Mithrandir. Pois eu conheci e conheço a sombra da Cobiça e da Ganância, sei reconhecer quando a luz dos olhos de qualquer criatura brilha sob essa sombra. Pude ver quando essa sombra assolou a mente e o coração de Fëanor. Na época deste acontecimento nefasto, eu era jovem e não pude impedir o desenrolar hediondo da História. Porém, esse episódio muito me abalou e eu me endureci, adquiri sabedoria e conhecimento necessários para reconhecer quando tais sentimentos voltassem a ameaçar a paz e a tranquilidade do mundo. Ora, Mithrandir teria capacidade ainda maior de engendrar episódios tão terríveis quanto os que Fëanor desencadeou, por ser de casta superior. Até mesmo por isso, muito me alegrou quando eu perscrutei sua mente e espírito e encontrei nada além de uma vontade inabalável de cumprir sua tarefa com afinco e dedicação. Nunca houve o menor resquício de sombra em seus olhos.
O tesouro da Montanha Solitária era um tesouro da própria terra e de seu povo. Mithrandir respeitava o povo anão do mesmo modo que respeitava todas as outras criaturas da Terra-média, exceto as criaturas servas do Mal. Se ele de fato quisesse se apoderar do tesouro, não precisaria formar uma companhia, muito menos procurar um integrante tão diferenciado (e considerado inútil por muitos) quanto um Hobbit. Pois ele possui conhecimento de magia e artes persuasivas que teriam induzido Thorin Escudo de Carvalho a se dobrar à sua vontade, mas não o fez, justamente por recusar permitir que tal tentação maligna se apoderasse de sua mente.
o réu teria sido negligente no cumprimento do seu dever durante a Guerra do Anel, o réu teria se recusado a enfrentar Saruman sabendo - em teoria - que havia algo suspeito acontecendo em Isengard
É absurdo que tal acusação tenha sido sequer cogitada. A Guerra do Anel só foi vencida muito em parte por causa dos esforços de Mithrandir em reunir os Povos Livres da Terra-média, uma mera alusão à Última Aliança. Sua capacidade de enxergar além do óbvio permitiu que o Destino fosse favorável ao Bem, pois nenhum de nós, elfos, homens ou anões, enxergou além da cegante soberba de eras de glórias passadas. Nem mesmo a casta de Mithrandir seria capaz, e a prova disso foi a queda de Saruman. Ora, quem viu o potencial dos Hobbits e seus papéis decisivos nesse Destino? Mithrandir. Quem enxergou no Povo Pequeno a força e a resistência que nenhum elfo, anão ou homem, tão grandes, cada um à sua maneira, jamais poderia possuir para concluir a tarefa impossível de portar o Um? Nem mesmo eu, que vi o resplandecente Oeste Sagrado, suportaria tal incumbência. Precisei passar no maior teste de minha existência e quase não resisti. Se Mithrandir tivesse sucumbido à mesma soberba que eu, por um instante, permiti que me dominasse, teríamos todos perecido. Porém, Mithrandir não é um ser infalível, como sua estatura poderia fazer parecer. Sim, muitos erros foram cometidos, que quase puseram tudo a perder. Mas não foi sempre assim? Não foi o mundo moldado pelos erros e acertos de entidades ancestrais? Ora, Mithrandir, assim como eu, percebeu que algo de sombrio estava acometendo o coração de Saruman e o único erro de Mithrandir foi se ater à hierarquia e respeitar sua própria Ordem, mas isso não é crime. Não era de seu feitio tomar para si a autoridade de outros, exceto quando isso se provou inevitável para impedir que o Mal se alastrasse, e assim ele o fez, quando a hora chegou, reparando seu erro inicial. Ora, Saruman era tão versado nas artes mágicas e conhecimentos profundos quanto Mithrandir, e soube esconder de maneira extraordinária seus intentos tanto quanto possível. Mas se existe uma coisa que a sombra perniciosa da Cobiça e da Ganância não permite de maneira nenhuma é o segredo. Logo, ficou claro que o (considerado) maior dos Istari havia sucumbido ao Mal. Pois o Mal percebeu o poder e o talento de apenas dois membros da Ordem, e tentou aliciá-los: Saruman e Mithrandir. Um sucumbiu, o outro não. Um caiu, o outro ascendeu.
Quando a traição de Saruman foi desvendada, Mithrandir não assumiu o título de Gandalf, o Branco. Não, foi preciso que ele passasse no maior dos testes e ele o fez, como somente ele poderia ter feito. Não houve crime algum neste evento.
quais exatamente seriam seus crimes, que teria usado a primeira testemunha, Thrain II, para dele extrair informações, posteriormente abandonando-o para morrer em Dol Guldûr, que possivelmente teria roubado para si um dos Sete.
Mithrandir não precisava de Anéis de Poder, tendo ele mesmo portado um dos Três. Principalmente porque os Sete já haviam caído sob o domínio do Um. Se houvesse algum indício de cobiça por parte de Mithrandir quanto aos Anéis de Poder, ele não gastaria seus recursos e tempo atrás de anéis menores, como os Sete. Teria ido direto ao Anel-mestre, do mesmo modo que Saruman intentou. Creio que não existe prova maior da inveracidade desses fatos quanto o que acabei de relatar a este tribunal.