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Discussão [1ª temporada] Episódio 7 (com spoilers)

Qual sua nota para o sétimo episódio da primeira temporada?


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Logo mais vou comentar, tem várias coisas que quero dizer então vai demorar um pouquinho. :amor:

E ao que tudo promete, artigo em wiki vai ser doce pra criança comparado ao que está vindo por aí. Serão bons tempos esses que estamos e não sabíamos.

Apenas para cumprir o que prometi na época da estreia da série, está aqui um texto sobre: "Por que Rings of Power não está relacionada com os reais personagens e acontecimentos escritos por Tolkien, os eventos e cronologia explicados."

Primeiro, vamos falar dos personagens. Na lista abaixo estão os personagens que simplesmente não existem nos livros de Tolkien, fazendo, dessa forma, que os enredos protagonizados por eles não existam de igual maneira:

Nori;
Poppy;
Sadoc;
Largo;
Calêndula;
Malva;
Vilma;
Dilly.
As Três Bruxas (Habitante, Nômade e Asceta).

Assim sendo, todo o arco da Caravana Harfoot também não existe nos livros.

Adar;
Arondir;
Bronwyn;
Theo;
Rowan;
Waldreg.

Assim sendo, outra vez, todo o arco das Terras do Sul também não existe nos livros.

Disa.

Logo, toda ocasião em que a personagem contracena, também não existe nos livros.

Eärien;
Ontamo;
Valandil;
Kemen.

Idém.

Tendo isso em mente, falemos sobre os eventos. Muito resumidamente a série só faz "referência", por assim dizer, a apenas cinco eventos existentes nos livros, mas de uma forma muito diferente da original, com o conhecido padrão simplório e raso.

*A Criação de Mordor.
*A Chegada de Sauron a Mordor.
*A Forja dos Três Anéis.
*A Chegada de Sauron a Númenor.
*O Despertar do Balrog.

Já é um fato conhecido que o enredo da série adulterou completamente a cronologia da história escrita por Tolkien e, dessa forma, nem por vontade seria possível representar os eventos de forma fidedigna. Mas a invenção de roteiros que não existem nos livros para personagens que existem de fato nos livros, tornou a bagunça ainda pior, colocando personagens em lugares que nunca estiveram, com pessoas que nunca conheceram, falando o que nunca disseram e fazendo, além do que nunca fizeram, aquilo que nunca fariam.

Esses são os personagens que de fato existem nos livros e são utilizados (pois não foram retratados, propriamente dizendo), na série:

Galadriel;
Finrod;
Elrond;
Gil-galad;
Celebrimbor;
Durin III;
Durin IV;
Elendil;
Isildur;
Míriel;
Ar-Pharazôn;
Tar-Palantir;
Sauron.

A seguir abordarei cada arco separadamente e sua coerência com os personagens e histórias de Tolkien.

O Ínicio.

A série começa com uma cena de bullying em "Valinor" protagonizada por "Galadriel", outras crianças e seu irmão "Finrod". O início da cena até o seu final com o famoso "barco que olha pra cima e a pedra que olha pra baixo", além do devido mau gosto e absurdo, não existe nos livros.

Assim sendo, toda a consequência desta ocasião com "Galadriel" indo para as Terras do Norte caçar “Sauron” na neve por vingança; ser enviada na força do ódio para "Valinor" por "Gil-galad"; conhecer "Sauron" numa jangada, quase ser comida por um monstro de apetite duvidoso e meticulosamente seletivo; ir parar em "Númenor"; ser presa; encontrar informações sobre Sauron na ilha; cismar que Sauron estava numa terra dos cafundós de 30 habitantes por razão nenhuma; liderar um "exército" para as Terras do Sul; lutar contra um tal de Adar e seus Orcs; tomar fogo de vulcão na cara e não morrer; voltar para "Eregion" com Halbrand; descobrir por documentos que ele não é rei de lugar algum; ter um delírio mental com o próprio às margens de um riachinho de 20 centímetros; quase morrer nesse mesmo riachinho e ainda assim ajudar a criar os 3 anéis na volta do quase afogamento e, por fim, parar para admirar a criação que ela sabia ter sido "tocada por Sauron", também não aconteceram. A história da Forja dos Anéis nos livros nada tem a ver com esse enredozinho, e no final relatarei os fatos como descritos no livro.


O arco dos Harfoots, como já mencionado, sequer adiciona um personagem que exista nos trabalhos de Tolkien, logo, os eventos desse mesmo arco não existem de forma alguma. Nada sobre Harfoots deixando os fracos e doentes para trás numa caravana, ou nada sobre uma Nori se encontrando com um estranho perdido e maluco, nem nada sobre três bruxas servas de Sauron numa caçada mal feita, existe nos livros.

O arco das Terras do Sul é o exato mesmo caso. Nada sobre uma tal de Bronwyn conhecendo um tal de Arondir que patrulha os humanos, nem um Theo que acha uma espada negra do passado, nem um Adar e seus filhinhos Orcs e muito menos uma represa que faz acender o vulcão e criar Mordor, existe nos livros. A história da criação de Mordor nada tem a ver com essa coisa, e no final também relatarei os fatos como descritos no livro.

O arco de Númenor vai na mesma direção e com a exceção distante de que talvez Pharazôn exista em algum tipo posição de poder e pretende expandir as relações de seu reino para além da ilha, todo o restante em absoluto não existe nos livros. A posição em que ele se encontra na série não é a mesma que nos livros, e suas motivações (como lutar contra os Elfos que roubariam os empregos dos habitantes) estão longe da visão de Ar-Pharazôn descrita no livro. Além do Pharazôn do Paraguai, enredos como os de "Elendil, Isildur e Míriel", nada têm a ver com suas histórias originais, logo, coisas como o drama do pai solteiro com filhos adolescentes de "Elendil", "Isildur" e mais dois jovens sem cérebro saindo no soco em becos, Eärien varrendo chão para pagar a faculdade de arte, "rainha Míriel" organizando batalhas às cegas contra "Sauron", o próprio fazendo arruaça nas tavernas da cidade, roubando, fugindo e realizando o sonho de entrar para a Guilda dos Ferreiros, também não aconteceram.

O arco dos Elfos não é diferente do caso acima: personagens que existem nos livros mas com histórias que jamais aconteceram. Exceto pela menção "da forja dos três anéis por Celebrimbor com algum tipo de influência de Sauron", nada mais nesse enredo se encontra em qualquer livro que Tolkien escreveu. E, apesar disso, como já dito, a forma com que essa forja e essa influência acontecem na série é quase como uma descrição de uma criança sobre como a situação é realizada. Então, nada de "Gil-galad" fazendo chantagens emocionais para "Elrond" roubar os Anões, nada de árvores morrendo e ameaçando os Elfos de extinção e nem nada de "Celebrimbor" querendo fazer a maior forja do mundo às custas de um acordo pela mão de obra Anã. Nada disso existe nos livros.

Por sua vez, o arco dos Anões que se define grandemente pelo arco mencionado anteriormente. Exceto pelo Despertar do Balrog, todo o enredo restante não se encontra no livro e mesmo esse evento é descrito, novamente, de uma forma pouco explorada e até esquisita. Coisas como uma briga de interesses comerciais entre "Durin IV e Durin III", o resgate dos mineradores com ajuda de Disa, discussões de cunho sentimental entre "Elrond e Durin", assim com um encontro de reinos em Lindon que termina com o roubo de uma mesa, nunca aconteceram nos livros.

Começamos com a "heroína", terminaremos com o vilão. O arco de "Sauron" finaliza toda a confusão que começa com o arco de "Galadriel", e se um está ligado ao outro, um ao outro se definem.
Então para fechar tudo isso: nunca você lerá sobre Sauron boiando numa jangada, Sauron salvando Galadriel de um afogamento, Sauron tendo mais respeito que Galadriel diante de uma rainha, Sauron discutindo seu estado civil no meio do bar com bêbados, Sauron absolutamente com nenhuma vontade de fingir sua identidade diante de Galadriel, Sauron dando conselhos para Galadriel partir numa "guerra" que ele mesmo jamais quis participar, Sauron sendo apenas um trabalhador médio querendo ter seu ganha pão com um trabalho honesto de ferreiro, Sauron sendo arrastado para uma guerra por Galadriel, Sauron saindo no soco com um tal que matou a família dele, Sauron sendo salvo por Galadriel, Sauron ajudando na forja dos anéis através de noções básicas de um estudante juvenil de metalurgia, Sauron pedindo Galadriel em casamento e finalmente, sem um tostão furado no bolso, atravessando o mundo para chegar em Mordor apenas com seus próprios cambitos em meio dia de caminhada porque nada disso, em absoluto, foi e jamais seria escrito por Tolkien, precisamente pela pobreza narrativa crônica.

Agora passemos para as informações cronológicas e eventos que de fato existem escritos por Tolkien em torno dessa época, em relação apenas, obviamente, aos personagens que se encontram nos livros, e comparados com os ocorridos na série.


A Criação de Mordor.


A quem concerne:

Nos livros: Morgoth.
Na série: Adar, Orcs, Homens do Sul.

O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Mordor é "criada" por Adar em seu plano infalível da inundação da represa, usando uma espada ancestral mal explorada, uma fechadura e uma escavação clandestina até a beira interior de um vulcão, supostamente intencionado para criar uma sombrinha para seus Orcs vampíricos.

O que foi escrito por Tolkien?

Mordor foi criada no início da Primeira Era por Morgoth, mestre de Sauron e primeiro Senhor do Escuro da Terra-Média, fruto de seu poder de destruição, milênios antes do período que a série pretendia retratar.

Para se ter uma breve noção, a Primeira Era durou mais de 4. 900 anos, e a forja dos Três Anéis, ocorreu em 1.500 da Segunda Era, logo, são 6 milênios de diferença entre os períodos.


A Chegada de Sauron a Mordor.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Após uma estadia relaxante em Eregion onde "Sauron" dá várias dicas bacanas a "Celebrimbor" e o ajuda a criar os Três Anéis para depois então convidar "Galadriel" para ser sua rainha, ele foge rumo à Mordor, provavelmente por teleporte.

O que foi escrito por Tolkien?

Em 1.000 da Segunda Era, Sauron escolhe Mordor para criar sua fortaleza, Barad-dûr, após perceber o grande poderio de Númenor. O vulcão, Orodruin, já existia e lá ele forja o Um Anel no futuro.

Fato interessante é notar como Sauron constrói sua base como fortaleza opositora ao gigantesco poder de Númenor, enquanto na série, numa pequena empreitada a uma terra de desolados famintos, "Númenor" já perde um barco para alguns adolescentes.

Note que Sauron inicia Barad-dûr em 1000 da Segunda Era, e os Três Anéis são forjados apenas em 1500. Na série, os Anéis são feitos primeiro e depois “Sauron” chega a pé e com as roupas do corpo em Mordor.

Logo:
São 500 anos de diferença e os eventos estão completamente invertidos em sua ordem de acontecimento.


A Forja dos Três Anéis.


A quem concerne:

Nos livros: Celebrimbor, Sauron (indiretamente).

Na série: Galadriel, Celebrimbor, Gil-galad, Elrond, Sauron.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Um pseudo-Sauron, o tal Halbrand, com muito tédio após se recuperar rapidamente de um ferimento mortal, levanta para dar um passeio e acaba por ensinar o maior artesão élfico da Terra-média, Celebrimbor, a fazer o seu próprio ofício e, por uma ameaça de extinção provocada por uma praga nas árvores, o mesmo cria os Três Anéis com um pouco de Mithril roubado e uma tal de adaga de Valinor.

O que foi escrito por Tolkien?

Em 1200 da Segunda Era Sauron, em seu disfarce como Annatar, é recebido em Eregion se dizendo emissário dos Valar após outros Reinos Élficos o rejeitarem como tal. Lá Sauron ensina outros Elfos da Irmandade dos Joalheiros (Gwaith-i-Mírdain) sob Celebrimbor a arte dos Anéis. Primeiro eles criam anéis menores, protótipos do que ainda viriam a ser os grandes anéis. Apenas em 1500, os 16 Anéis são criados, 7 que viriam a ser dos Anões e 9 que viriam a ser dos Homens. Portanto, é só em 1590 que Celebrimbor, sozinho, cria os Três Anéis Élficos.

Logo:
São 300 anos apenas na realização dos anéis protótipos.
Mais 90 anos da criação dos 16 anéis pelos Elfos sob Annatar/Sauron até a criação dos Três exclusivamente por Celebrimbor.

São 390 anos de criação e aperfeiçoamento resumidos na série como um projeto da oficina de arte num fim de semana. Como se pode notar, antes da criação dos Três Anéis, outros 16 foram feitos sob a influência de Annatar. Isso sequer é mencionado na série.

Além disso, Galadriel é creditada como participante dessa criação, doando sua adaga. Essa história é puramente invenção, e, enquanto na série "Galadriel" se afeiçoa a Sauron, nos livros e muito pelo contrário, na verdade ela é justamente a única dentro de Eregion a não confiar em Sauron.

Como já fica claro, os Anéis não foram feitos por pressão de Gil-galad contra um ‘apocalipse da praga na lavoura’, logo, todo seu envolvimento ou o de Elrond nesse assunto, como mostrado na série, da mesma maneira não existe.


Chegada de Sauron a Númenor


A quem concerne:

Nos livros: Ar-Pharazôn, Sauron.
Na série: Galadriel, Sauron, Elendil.

O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Sauron chega a Númenor de carona com Elendil juntamente com Galadriel após algum tempo à deriva.

O que foi escrito por Tolkien?

Por volta de 1600 da Segunda Era Sauron cria o Um Anel para dominar sobre os outros. Mas quando Sauron coloca seu anel, os Elfos se tornam conscientes de sua influência e escondem seus próprios anéis. Sauron exige os anéis de volta e, dada a recusa, uma guerra entre Elfos e Sauron se inicia em 1693. Os Elfos não puderam resistir às forças de Sauron, entretanto, e os Anões recuaram e se esconderam em Moria. Então, os Elfos enviam um pedido de ajuda a Númenor, que atende, extirpando as forças de Sauron na batalha e o mandando de volta para Mordor. Depois da derrota Sauron investe no domínio ao Sul e Leste, e a partir dos anéis de poder ele corrompe aos homens que vieram a se tornar os Espectros do Anel em 2251 da Segunda Era. Por sua vanglória ao intitular-se Senhor da Terra, desperta a fúria dos Númenorianos, que investem contra Sauron. Sabendo de sua iminente derrota, ele se entrega e é levado prontamente como cativo em 3262 da Segunda Era. Usando da Sombra que já estava no coração invejoso e vaidoso de grande parte dos Númenorianos, ele se infiltra na mente do Rei Ar-Pharazôn e se torna Conselheiro, instigando um conflito contra Valinor: o prelúdio da Queda de Númenor.

Como visto, Sauron primeiro cria os Anéis antes de sequer estar presente em Númenor, e sua chegada se dá de uma forma totalmente diferente. Há uma guerra devastadora, exércitos poderosos conflitando, um domínio quase total de Sauron pela Terra-média, seu pleno estabelecimento e fortalecimento em Mordor antes dessa ocasião. Nada disso é mostrado na série.


O Despertar do Balrog


A quem concerne:

Nos livros: Durin VI.

Na série: Durin III e Durin IV.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?


"Durin IV" minera a montanha à força para ajudar "Elrond" contra a suposta extinção e uma folhinha invasora da árvore em decadência cai e acorda o Balrog nos interiores da Montanha.

O que foi escrito por Tolkien?

O Balrog, conhecido como Ruína de Durin, foi despertado em 1980 da Terceira Era devido à profundidade abismal que os Anões alcançaram na busca pelo mithril. O Rei Anão Durin naqueles dias foi na realidade Durin VI, e não Durin III ou IV, como mostra a série. Assim sendo, ambos os Anões apenas foram conectados forçosamente pela série a eventos que nunca estiveram relacionados.


Celebrimbor, Durin e a Amizade entre Anões e Elfos.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Elrond é amigo de Durin IV e faz algum tipo de "ponte" entre o Reino Élfico e o Reino Anão, enquanto Celebrimbor fica trancado para o lado de fora da Montanha por suspeita de intenção de roubo de mithril.

O que foi escrito por Tolkien?

Em 750 da Segunda Era é fundada a capital de Eregion, Ost-in-Edhil, próxima a Khazad-dûm. Lá, Celebrimbor inicia uma amizade entre Elfos e Anões, criando um livre comércio sem precedentes desde uma estrada em comum que ligava os dois reinos. Nessa época, os Anões estavam explorando mithril ao norte de Moria. Celebrimbor então conhece o Anão Narvi e eles se tornam amigos. É a partir dessa amizade que as Portas de Durin são realizadas e Celebrimbor, usando a liga de mithril Ithildin, insere os famosos inscritos nas portas (Fale Amigo, e Entre). O Rei naqueles dias era Durin III e em nada ele tem a ver com o Despertar do Balrog, fato que ocorreria apenas mais de 4000 anos depois.


Então, um resumo cronológico.

Na série:

"Sauron chega a Númenor.
Mordor é criada.
O Balrog desperta.
Os Anéis são criados.
Sauron chega a Mordor."

Tudo isso na Segunda Era.

Nos livros:

Mordor é Criada. Primeira Era
+ 5000 Anos de Diferença
Sauron Chega a Mordor. 1000 da Segunda Era
590 Anos de Diferença
Os Anéis são Forjados. 1590 da Segunda Era
1672 Anos de Diferença
Sauron Chega a Númenor. 3262 da Segunda Era
2159 de Diferença
O Balrog Desperta. 1980 da Terceira Era


Para finalizar, quero adicionar alguns detalhes que foram colocados na série, completamente sem fundamento e que são dignos de nota:

1 - Galadriel nunca esteve ‘interessada’ por Sauron e nem Sauron esteve por ela. Como já mencionado, Sauron em Eregion sob o disfarce de Annatar, não a convence, apesar de ser recebido por outros Elfos. Ela o despreza e não crê em suas justificativas. Sauron, por sua vez, a vê como sua maior rival. Naquela época, não somente Galadriel era casada como estava hospedada em Eregion com seu marido, Celeborn, e sua filha, Celebrían. É notável como a sedução de Sauron em relação aos Elfos, que consistiu em usar de sua vontade de criar coisas grandiosas para ensiná-los artifícios que viriam a ser usados a seu favor, foi reduzida à sedução sensual na série. E isso é um sinal de nossos tempos.

2 - O Mithril não foi criado a partir de um raio que caiu numa tal árvore que continha uma Silmaril durante uma batalha genérica entre um Elfo e um Balrog ao melhor estilo Beedle, o Bardo.

O mithril, apesar de especial e raro, era encontrado na rocha como outros minérios, e sua existência provavelmente vem da criação do mundo e em especial da parte do Vala Aulë, ligado aos minérios, à forja e aos próprios Anões. Entretanto, o minério também foi encontrado em Númenor, o que desbanca essa história criada na série.

3 - Os Elfos nunca foram ameaçados de extinção devido a uma praga ambiental. A série deu a entender que algum tipo de corrupção nas árvores, ou na natureza em geral (como visto na vaca da Terra do Sul), minaria a vida dos Elfos na terra e eles só poderiam escolher fugir ou achar um método de cura rápido. Além disso, algumas cenas com Arondir fazem parecer que amassar uma pétala ou cortar uma árvore fere a própria existência de um Elfo, e que uma das atitudes mais nobres entre eles é plantar uma semente.

Isso não tem nada a ver com a história real, e os Elfos não eram algum tipo de Avatar do James Cameron, ‘unos’ com a Mãe Terra. Isso é desinformação. A vida deles é independente da fauna e flora, e apesar de sofrerem com a degradação do mundo, isso não os tiraria a própria existência, causando sua morte em massa, como fizeram parecer.

3 - Tar-Míriel jamais foi rainha. Ar-Pharazôn era o Rei após usurpar o trono quando casou-se com ela contra sua vontade. Ar-Pharazôn não teve filhos, nem antes, nem depois disso.

4 - Galadriel era mãe da esposa de Elrond, Celebrían, e tia-avó de Gil-galad, e mais poderosa que qualquer Elfo naqueles dias, não uma adolescente. Ela tinha 1,93 de altura e seus cabelos eram belos, radiantes e dourados, semelhantes ao ouro, tão preciosos que foram dados como um raro presente.

5 - Alguns personagens sequer eram nascidos na época da forja dos Três Anéis, em 1590 da Segunda Era. Esse é o caso para:

Tar-Palantir - Nascido em 3035 da Segunda Era
Tar-Míriel - Nascida em 3117 da Segunda Era
Ar-Pharazôn - Nascido em 3118 da Segunda Era
Elendil - Nascido em 3119 da Segunda Era
Isildur - Nascido em 3209 da Segunda Era

Entre o a forja dos Três e o nascimento de Isildur, temos nada menos que 1619 anos.

Imagino que a Segunda Temporada vá continuar no caminho da primeira, até porque eles gravaram antes mesmo de saber a recepção que isso teria. Não tem como consertar isso depois de alterarem tantas coisas como símbolos, mensagens, características, cronologia, e principalmente a essência de que a obra de Tolkien é criada, no campo imaginativo, subconsciente e espiritual. Isso é um monstro de seu tempo, que serve ao tempo que deseja criar. Fica o registro.

Assim concluo meus comentários sobre essa série. Pelo menos, por aqui.
 
Última edição:
Apenas para cumprir o que prometi na época da estreia da série, está aqui um texto sobre: "Por que Rings of Power não está relacionada com os reais personagens e acontecimentos escritos por Tolkien, os eventos e cronologia explicados."

Primeiro, vamos falar dos personagens. Na lista abaixo estão os personagens que simplesmente não existem nos livros de Tolkien, fazendo, dessa forma, que os enredos protagonizados por eles não existam de igual maneira:

Nori;
Poppy;
Sadoc;
Largo;
Calêndula;
Malva;
Vilma;
Dilly.
As Três Bruxas (Habitante, Nômade e Asceta).

Assim sendo, todo o arco da Caravana Harfoot também não existe nos livros.

Adar;
Arondir;
Bronwyn;
Theo;
Rowan;
Waldreg.

Assim sendo, outra vez, todo o arco das Terras do Sul também não existe nos livros.

Disa.

Logo, toda ocasião em que a personagem contracena, também não existe nos livros.

Eärien;
Ontamo;
Valandil;
Kemen.

Idém.

Tendo isso em mente, falemos sobre os eventos. Muito resumidamente a série só faz "referência", por assim dizer, a apenas cinco eventos existentes nos livros, mas de uma forma muito diferente da original, com o conhecido padrão simplório e raso.

*A Criação de Mordor.
*A Chegada de Sauron a Mordor.
*A Forja dos Três Anéis.
*A Chegada de Sauron a Númenor.
*O Despertar do Balrog.

Já é um fato conhecido que o enredo da série adulterou completamente a cronologia da história escrita por Tolkien e, dessa forma, nem por vontade seria possível representar os eventos de forma fidedigna. Mas a invenção de roteiros que não existem nos livros para personagens que existem de fato nos livros, tornou a bagunça ainda pior, colocando personagens em lugares que nunca estiveram, com pessoas que nunca conheceram, falando o que nunca disseram e fazendo, além do que nunca fizeram, aquilo que nunca fariam.

Esses são os personagens que de fato existem nos livros e são utilizados (pois não foram retratados, propriamente dizendo), na série:

Galadriel;
Finrod;
Elrond;
Gil-galad;
Celebrimbor;
Durin III;
Durin IV;
Elendil;
Isildur;
Míriel;
Ar-Pharazôn;
Tar-Palantir;
Sauron.

A seguir abordarei cada arco separadamente e sua coerência com os personagens e histórias de Tolkien.

O Ínicio.

A série começa com uma cena de bullying em "Valinor" protagonizada por "Galadriel", outras crianças e seu irmão "Finrod". O início da cena até o seu final com o famoso "barco que olha pra cima e a pedra que olha pra baixo", além do devido mau gosto e absurdo, não existe nos livros.

Assim sendo, toda a consequência desta ocasião com "Galadriel" indo para as Terras do Norte caçar “Sauron” na neve por vingança; ser enviada na força do ódio para "Valinor" por "Gil-galad"; conhecer "Sauron" numa jangada, quase ser comida por um monstro de apetite duvidoso e meticulosamente seletivo; ir parar em "Númenor"; ser presa; encontrar informações sobre Sauron na ilha; cismar que Sauron estava numa terra dos cafundós de 30 habitantes por razão nenhuma; liderar um "exército" para as Terras do Sul; lutar contra um tal de Adar e seus Orcs; tomar fogo de vulcão na cara e não morrer; voltar para "Eregion" com Halbrand; descobrir por documentos que ele não é rei de lugar algum; ter um delírio mental com o próprio às margens de um riachinho de 20 centímetros; quase morrer nesse mesmo riachinho e ainda assim ajudar a criar os 3 anéis na volta do quase afogamento e, por fim, parar para admirar a criação que ela sabia ter sido "tocada por Sauron", também não aconteceram. A história da Forja dos Anéis nos livros nada tem a ver com esse enredozinho, e no final relatarei os fatos como descritos no livro.


O arco dos Harfoots, como já mencionado, sequer adiciona um personagem que exista nos trabalhos de Tolkien, logo, os eventos desse mesmo arco não existem de forma alguma. Nada sobre Harfoots deixando os fracos e doentes para trás numa caravana, ou nada sobre uma Nori se encontrando com um estranho perdido e maluco, nem nada sobre três bruxas servas de Sauron numa caçada mal feita, existe nos livros.

O arco das Terras do Sul é o exato mesmo caso. Nada sobre uma tal de Bronwyn conhecendo um tal de Arondir que patrulha os humanos, nem um Theo que acha uma espada negra do passado, nem um Adar e seus filhinhos Orcs e muito menos uma represa que faz acender o vulcão e criar Mordor, existe nos livros. A história da criação de Mordor nada tem a ver com essa coisa, e no final também relatarei os fatos como descritos no livro.

O arco de Númenor vai na mesma direção e com a exceção distante de que talvez Pharazôn exista em algum tipo posição de poder e pretende expandir as relações de seu reino para além da ilha, todo o restante em absoluto não existe nos livros. A posição em que ele se encontra na série não é a mesma que nos livros, e suas motivações (como lutar contra os Elfos que roubariam os empregos dos habitantes) estão longe da visão de Ar-Pharazôn descrita no livro. Além do Pharazôn do Paraguai, enredos como os de "Elendil, Isildur e Míriel", nada têm a ver com suas histórias originais, logo, coisas como o drama do pai solteiro com filhos adolescentes de "Elendil", "Isildur" e mais dois jovens sem cérebro saindo no soco em becos, Eärien varrendo chão para pagar a faculdade de arte, "rainha Míriel" organizando batalhas às cegas contra "Sauron", o próprio fazendo arruaça nas tavernas da cidade, roubando, fugindo e realizando o sonho de entrar para a Guilda dos Ferreiros, também não aconteceram.

O arco dos Elfos não é diferente do caso acima: personagens que existem nos livros mas com histórias que jamais aconteceram. Exceto pela menção "da forja dos três anéis por Celebrimbor com algum tipo de influência de Sauron", nada mais nesse enredo se encontra em qualquer livro que Tolkien escreveu. E, apesar disso, como já dito, a forma com que essa forja e essa influência acontecem na série é quase como uma descrição de uma criança sobre como a situação é realizada. Então, nada de "Gil-galad" fazendo chantagens emocionais para "Elrond" roubar os Anões, nada de árvores morrendo e ameaçando os Elfos de extinção e nem nada de "Celebrimbor" querendo fazer a maior forja do mundo às custas de um acordo pela mão de obra Anã. Nada disso existe nos livros.

Por sua vez, o arco dos Anões que se define grandemente pelo arco mencionado anteriormente. Exceto pelo Despertar do Balrog, todo o enredo restante não se encontra no livro e mesmo esse evento é descrito, novamente, de uma forma pouco explorada e até esquisita. Coisas como uma briga de interesses comerciais entre "Durin IV e Durin III", o resgate dos mineradores com ajuda de Disa, discussões de cunho sentimental entre "Elrond e Durin", assim com um encontro de reinos em Lindon que termina com o roubo de uma mesa, nunca aconteceram nos livros.

Começamos com a "heroína", terminaremos com o vilão. O arco de "Sauron" finaliza toda a confusão que começa com o arco de "Galadriel", e se um está ligado ao outro, um ao outro se definem.
Então para fechar tudo isso: nunca você lerá sobre Sauron boiando numa jangada, Sauron salvando Galadriel de um afogamento, Sauron tendo mais respeito que Galadriel diante de uma rainha, Sauron discutindo seu estado civil no meio do bar com bêbados, Sauron absolutamente com nenhuma vontade de fingir sua identidade diante de Galadriel, Sauron dando conselhos para Galadriel partir numa "guerra" que ele mesmo jamais quis participar, Sauron sendo apenas um trabalhador médio querendo ter seu ganha pão com um trabalho honesto de ferreiro, Sauron sendo arrastado para uma guerra por Galadriel, Sauron saindo no soco com um tal que matou a família dele, Sauron sendo salvo por Galadriel, Sauron ajudando na forja dos anéis através de noções básicas de um estudante juvenil de metalurgia, Sauron pedindo Galadriel em casamento e finalmente, sem um tostão furado no bolso, atravessando o mundo para chegar em Mordor apenas com seus próprios cambitos em meio dia de caminhada porque nada disso, em absoluto, foi e jamais seria escrito por Tolkien, precisamente pela pobreza narrativa crônica.

Agora passemos para as informações cronológicas e eventos que de fato existem escritos por Tolkien em torno dessa época, em relação apenas, obviamente, aos personagens que se encontram nos livros, e comparados com os ocorridos na série.


A Criação de Mordor.


A quem concerne:

Nos livros: Morgoth.
Na série: Adar, Orcs, Homens do Sul.

O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Mordor é "criada" por Adar em seu plano infalível da inundação da represa, usando uma espada ancestral mal explorada, uma fechadura e uma escavação clandestina até a beira interior de um vulcão, supostamente intencionado para criar uma sombrinha para seus Orcs vampíricos.

O que foi escrito por Tolkien?

Mordor foi criada no início da Primeira Era por Morgoth, mestre de Sauron e primeiro Senhor do Escuro da Terra-Média, fruto de seu poder de destruição, milênios antes do período que a série pretendia retratar.

Para se ter uma breve noção, a Primeira Era durou mais de 4. 900 anos, e a forja dos Três Anéis, ocorreu em 1.500 da Segunda Era, logo, são 6 milênios de diferença entre os períodos.


A Chegada de Sauron a Mordor.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Após uma estadia relaxante em Eregion onde "Sauron" dá várias dicas bacanas a "Celebrimbor" e o ajuda a criar os Três Anéis para depois então convidar "Galadriel" para ser sua rainha, ele foge rumo à Mordor, provavelmente por teleporte.

O que foi escrito por Tolkien?

Em 1.000 da Segunda Era, Sauron escolhe Mordor para criar sua fortaleza, Barad-dûr, após perceber o grande poderio de Númenor. O vulcão, Orodruin, já existia e lá ele forja o Um Anel no futuro.

Fato interessante é notar como Sauron constrói sua base como fortaleza opositora ao gigantesco poder de Númenor, enquanto na série, numa pequena empreitada a uma terra de desolados famintos, "Númenor" já perde um barco para alguns adolescentes.

Note que Sauron inicia Barad-dûr em 1000 da Segunda Era, e os Três Anéis são forjados apenas em 1500. Na série, os Anéis são feitos primeiro e depois “Sauron” chega a pé e com as roupas do corpo em Mordor.

Logo:
São 500 anos de diferença e os eventos estão completamente invertidos em sua ordem de acontecimento.


A Forja dos Três Anéis.


A quem concerne:

Nos livros: Celebrimbor, Sauron (indiretamente).

Na série: Galadriel, Celebrimbor, Gil-galad, Elrond, Sauron.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Um pseudo-Sauron, o tal Halbrand, com muito tédio após se recuperar rapidamente de um ferimento mortal, levanta para dar um passeio e acaba por ensinar o maior artesão élfico da Terra-média, Celebrimbor, a fazer o seu próprio ofício e, por uma ameaça de extinção provocada por uma praga nas árvores, o mesmo cria os Três Anéis com um pouco de Mithril roubado e uma tal de adaga de Valinor.

O que foi escrito por Tolkien?

Em 1200 da Segunda Era Sauron, em seu disfarce como Annatar, é recebido em Eregion se dizendo emissário dos Valar após outros Reinos Élficos o rejeitarem como tal. Lá Sauron ensina outros Elfos da Irmandade dos Joalheiros (Gwaith-i-Mírdain) sob Celebrimbor a arte dos Anéis. Primeiro eles criam anéis menores, protótipos do que ainda viriam a ser os grandes anéis. Apenas em 1500, os 16 Anéis são criados, 7 que viriam a ser dos Anões e 9 que viriam a ser dos Homens. Portanto, é só em 1590 que Celebrimbor, sozinho, cria os Três Anéis Élficos.

Logo:
São 300 anos apenas na realização dos anéis protótipos.
Mais 90 anos da criação dos 16 anéis pelos Elfos sob Annatar/Sauron até a criação dos Três exclusivamente por Celebrimbor.

São 390 anos de criação e aperfeiçoamento resumidos na série como um projeto da oficina de arte num fim de semana. Como se pode notar, antes da criação dos Três Anéis, outros 16 foram feitos sob a influência de Annatar. Isso sequer é mencionado na série.

Além disso, Galadriel é creditada como participante dessa criação, doando sua adaga. Essa história é puramente invenção, e, enquanto na série "Galadriel" se afeiçoa a Sauron, nos livros e muito pelo contrário, na verdade ela é justamente a única dentro de Eregion a não confiar em Sauron.

Como já fica claro, os Anéis não foram feitos por pressão de Gil-galad contra um ‘apocalipse da praga na lavoura’, logo, todo seu envolvimento ou o de Elrond nesse assunto, como mostrado na série, da mesma maneira não existe.


Chegada de Sauron a Númenor


A quem concerne:

Nos livros: Ar-Pharazôn, Sauron.
Na série: Galadriel, Sauron, Elendil.

O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Sauron chega a Númenor de carona com Elendil juntamente com Galadriel após algum tempo à deriva.

O que foi escrito por Tolkien?

Por volta de 1600 da Segunda Era Sauron cria o Um Anel para dominar sobre os outros. Mas quando Sauron coloca seu anel, os Elfos se tornam conscientes de sua influência e escondem seus próprios anéis. Sauron exige os anéis de volta e, dada a recusa, uma guerra entre Elfos e Sauron se inicia em 1693. Os Elfos não puderam resistir às forças de Sauron, entretanto, e os Anões recuaram e se esconderam em Moria. Então, os Elfos enviam um pedido de ajuda a Númenor, que atende, extirpando as forças de Sauron na batalha e o mandando de volta para Mordor. Depois da derrota Sauron investe no domínio ao Sul e Leste, e a partir dos anéis de poder ele corrompe aos homens que vieram a se tornar os Espectros do Anel em 2251 da Segunda Era. Por sua vanglória ao intitular-se Senhor da Terra, desperta a fúria dos Númenorianos, que investem contra Sauron. Sabendo de sua iminente derrota, ele se entrega e é levado prontamente como cativo em 3262 da Segunda Era. Usando da Sombra que já estava no coração invejoso e vaidoso de grande parte dos Númenorianos, ele se infiltra na mente do Rei Ar-Pharazôn e se torna Conselheiro, instigando um conflito contra Valinor: o prelúdio da Queda de Númenor.

Como visto, Sauron primeiro cria os Anéis antes de sequer estar presente em Númenor, e sua chegada se dá de uma forma totalmente diferente. Há uma guerra devastadora, exércitos poderosos conflitando, um domínio quase total de Sauron pela Terra-média, seu pleno estabelecimento e fortalecimento em Mordor antes dessa ocasião. Nada disso é mostrado na série.


O Despertar do Balrog


A quem concerne:

Nos livros: Durin VI.

Na série: Durin III e Durin IV.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?


"Durin IV" minera a montanha à força para ajudar "Elrond" contra a suposta extinção e uma folhinha invasora da árvore em decadência cai e acorda o Balrog nos interiores da Montanha.

O que foi escrito por Tolkien?

O Balrog, conhecido como Ruína de Durin, foi despertado em 1980 da Terceira Era devido à profundidade abismal que os Anões alcançaram na busca pelo mithril. O Rei Anão Durin naqueles dias foi na realidade Durin VI, e não Durin III ou IV, como mostra a série. Assim sendo, ambos os Anões apenas foram conectados forçosamente pela série a eventos que nunca estiveram relacionados.


Celebrimbor, Durin e a Amizade entre Anões e Elfos.


O que ‘aprendemos’ com Rings of Power?

Elrond é amigo de Durin IV e faz algum tipo de "ponte" entre o Reino Élfico e o Reino Anão, enquanto Celebrimbor fica trancado para o lado de fora da Montanha por suspeita de intenção de roubo de mithril.

O que foi escrito por Tolkien?

Em 750 da Segunda Era é fundada a capital de Eregion, Ost-in-Edhil, próxima a Khazad-dûm. Lá, Celebrimbor inicia uma amizade entre Elfos e Anões, criando um livre comércio sem precedentes desde uma estrada em comum que ligava os dois reinos. Nessa época, os Anões estavam explorando mithril ao norte de Moria. Celebrimbor então conhece o Anão Narvi e eles se tornam amigos. É a partir dessa amizade que as Portas de Durin são realizadas e Celebrimbor, usando a liga de mithril Ithildin, insere os famosos inscritos nas portas (Fale Amigo, e Entre). O Rei naqueles dias era Durin III e em nada ele tem a ver com o Despertar do Balrog, fato que ocorreria apenas mais de 4000 anos depois.


Então, um resumo cronológico.

Na série:

"Sauron chega a Númenor.
Mordor é criada.
O Balrog desperta.
Os Anéis são criados.
Sauron chega a Mordor."

Tudo isso na Segunda Era.

Nos livros:

Mordor é Criada. Primeira Era
+ 5000 Anos de Diferença
Sauron Chega a Mordor. 1000 da Segunda Era
590 Anos de Diferença
Os Anéis são Forjados. 1590 da Segunda Era
1672 Anos de Diferença
Sauron Chega a Númenor. 3262 da Segunda Era
2159 de Diferença
O Balrog Desperta. 1980 da Terceira Era


Para finalizar, quero adicionar alguns detalhes que foram colocados na série, completamente sem fundamento e que são dignos de nota:

1 - Galadriel nunca esteve ‘interessada’ por Sauron e nem Sauron esteve por ela. Como já mencionado, Sauron em Eregion sob o disfarce de Annatar, não a convence, apesar de ser recebido por outros Elfos. Ela o despreza e não crê em suas justificativas. Sauron, por sua vez, a vê como sua maior rival. Naquela época, não somente Galadriel era casada como estava hospedada em Eregion com seu marido, Celeborn, e sua filha, Celebrían. É notável como a sedução de Sauron em relação aos Elfos, que consistiu em usar de sua vontade de criar coisas grandiosas para ensiná-los artifícios que viriam a ser usados a seu favor, foi reduzida à sedução sensual na série. E isso é um sinal de nossos tempos.

2 - O Mithril não foi criado a partir de um raio que caiu numa tal árvore que continha uma Silmaril durante uma batalha genérica entre um Elfo e um Balrog ao melhor estilo Beedle, o Bardo.

O mithril, apesar de especial e raro, era encontrado na rocha como outros minérios, e sua existência provavelmente vem da criação do mundo e em especial da parte do Vala Aulë, ligado aos minérios, à forja e aos próprios Anões. Entretanto, o minério também foi encontrado em Númenor, o que desbanca essa história criada na série.

3 - Os Elfos nunca foram ameaçados de extinção devido a uma praga ambiental. A série deu a entender que algum tipo de corrupção nas árvores, ou na natureza em geral (como visto na vaca da Terra do Sul), minaria a vida dos Elfos na terra e eles só poderiam escolher fugir ou achar um método de cura rápido. Além disso, algumas cenas com Arondir fazem parecer que amassar uma pétala ou cortar uma árvore fere a própria existência de um Elfo, e que uma das atitudes mais nobres entre eles é plantar uma semente.

Isso não tem nada a ver com a história real, e os Elfos não eram algum tipo de Avatar do James Cameron, ‘unos’ com a Mãe Terra. Isso é desinformação. A vida deles é independente da fauna e flora, e apesar de sofrerem com a degradação do mundo, isso não os tiraria a própria existência, causando sua morte em massa, como fizeram parecer.

3 - Tar-Míriel jamais foi rainha. Ar-Pharazôn era o Rei após usurpar o trono quando casou-se com ela contra sua vontade. Ar-Pharazôn não teve filhos, nem antes, nem depois disso.

4 - Galadriel era mãe da esposa de Elrond, Celebrían, e tia-avó de Gil-galad, e mais poderosa que qualquer Elfo naqueles dias, não uma adolescente. Ela tinha 1,93 de altura e seus cabelos eram belos, radiantes e dourados, semelhantes ao ouro, tão preciosos que foram dados como um raro presente.

Imagino que a Segunda Temporada vá continuar no caminho da primeira, até porque eles gravaram antes mesmo de saber a recepção que isso teria. Não tem como consertar isso depois de alterarem tantas coisas como símbolos, mensagens, características, cronologia, e principalmente a essência de que a obra de Tolkien é criada, no campo imaginativo, subconsciente e espiritual. Isso é um monstro de seu tempo, que serve ao tempo que deseja criar. Fica o registro.

Assim concluo meus comentários sobre essa série. Pelo menos, por aqui.
Os elfos e Sauron (que tinha aspecto élfico quando em disfarce a maneira dos magos) ficaram mais mundanos, ignorantes, concupiscentes, mentirosos, imperfeitos (pecadores Tolkien poderia dizer) e piorados nessa versão da Amazon. Todos defeitos que são inimigos da clareza de pensamento.

Galadriel em Tolkien era rival de Sauron, entre outras razões, porque ela tinha um lado "construtora de mundos" que Sauron também trazia nele e que foram limados da série tendo por efeito o enfraquecimento da grandeza real dos personagens. Na série sobrou uma rebelde sem causa, ou melhor a causa insuportável woke. O reino de Galadriel enfrentava Sauron fazendo eco ao que houve em Doriath quando Melian impunha seu próprio reino contra o reino de Sauron. E Sauron impunha seu reino contra os Valar.

Sauron foi um construtor de mundos que traiu Aulë e divergia do plano dos Poderes para funcionamento de tudo. Ele podia demonstrar a presença de duas formas:

1-O terror da escuridão, sua essência atual após se aliar a Melkor.
2-Fascinação e mentiras.

Quando ele estava presente no "modo 2" de fascinação ele introduzia ao redor dele elementos estranhos aos planos dos Poderes Legítimos de Aman, elementos de um plano paralelo com origem no próprio poder de Sauron. Pouquíssima gente conseguia notar porque esses elementos vinham na aparência atender ao desejo íntimo dos elfos surgindo como surpresas que eles não sabiam de onde vinham...

Colocar Sauron andando pra lá e pra cá gastando sola de sapato como um mero "Vampiro do Brooklyn" do tipo que poderia precisar de um caixão pra atravessar o mar e chegar na América é reduzi-lo a terceira divisão. Sauron, mesmo depois de perder a habilidade de desmaterializar após a Queda de Númenor ainda se deslocava pelo mundo de forma ainda mais sutil que os elfos.

Isso significa dizer que se elfos se pareciam com espectros e fantasmas nos bosques viajando para oeste Sauron, um Maia, era como uma sombra de pôr-do-sol viajando pelos territórios sem ser visto, de precipício em precipício, de muro de castelo derrubado em árvore atingida por raio e quando as pessoas percebiam tinham a impressão de que ele sempre tivesse estado lá pois não tinham visto quando ele tinha surgido no vento frio da madrugada. E era assim que ele tomava fortalezas e ergueu Mordor.

Tolkien trabalha essa linha de um plano paralelo que busca dominar o outro (a Música) dando sinais aqui e ali de que um desejo conduz as vontades.
 
Os elfos e Sauron (que tinha aspecto élfico quando em disfarce a maneira dos magos) ficaram mais mundanos, ignorantes, concupiscentes, mentirosos, imperfeitos (pecadores Tolkien poderia dizer) e piorados nessa versão da Amazon. Todos defeitos que são inimigos da clareza de pensamento.

Galadriel em Tolkien era rival de Sauron, entre outras razões, porque ela tinha um lado "construtora de mundos" que Sauron também trazia nele e que foram limados da série tendo por efeito o enfraquecimento da grandeza real dos personagens. Na série sobrou uma rebelde sem causa, ou melhor a causa insuportável woke. O reino de Galadriel enfrentava Sauron fazendo eco ao que houve em Doriath quando Melian impunha seu próprio reino contra o reino de Sauron. E Sauron impunha seu reino contra os Valar.

Sauron foi um construtor de mundos que traiu Aulë e divergia do plano dos Poderes para funcionamento de tudo. Ele podia demonstrar a presença de duas formas:

1-O terror da escuridão, sua essência atual após se aliar a Melkor.
2-Fascinação e mentiras.

Quando ele estava presente no "modo 2" de fascinação ele introduzia ao redor dele elementos estranhos aos planos dos Poderes Legítimos de Aman, elementos de um plano paralelo com origem no próprio poder de Sauron. Pouquíssima gente conseguia notar porque esses elementos vinham na aparência atender ao desejo íntimo dos elfos surgindo como surpresas que eles não sabiam de onde vinham...

Colocar Sauron andando pra lá e pra cá gastando sola de sapato como um mero "Vampiro do Brooklyn" do tipo que poderia precisar de um caixão pra atravessar o mar e chegar na América é reduzi-lo a terceira divisão. Sauron, mesmo depois de perder a habilidade de desmaterializar após a Queda de Númenor ainda se deslocava pelo mundo de forma ainda mais sutil que os elfos.

Isso significa dizer que se elfos se pareciam com espectros e fantasmas nos bosques viajando para oeste Sauron, um Maia, era como uma sombra de pôr-do-sol viajando pelos territórios sem ser visto, de precipício em precipício, de muro de castelo derrubado em árvore atingida por raio e quando as pessoas percebiam tinham a impressão de que ele sempre tivesse estado lá pois não tinham visto quando ele tinha surgido no vento frio da madrugada. E era assim que ele tomava fortalezas e ergueu Mordor.

Tolkien trabalha essa linha de um plano paralelo que busca dominar o outro (a Música) dando sinais aqui e ali de que um desejo conduz as vontades.

Justamente. Excelente descrição sobre as coisas que poderiam ter sido, por sinal. Eu li aqui em casa e mesmo um texto curto foi capaz de evocar imagens em nossas mentes. Enquanto isso ironicamente, essa é a sinopse da 1ª Temporada:

Tendo início em uma época de relativa paz, a série acompanha um grupo de personagens que enfrentam o ressurgimento do mal na Terra-média. Das profundezas escuras das Montanhas de Névoa, das majestosas florestas de Lindon, do belíssimo reino da ilha de Númenor, até os confins do mapa, esses reinos e personagens criarão legados que permanecerão vivos muito além de suas partidas.
Ou seja: a luta entre o bem x mal (genericamente) e também veremos cenários! Muita criatividade.

Não apenas os Elfos foram reduzidos, mas todos os outros povos, embora num comparativo eles se destaquem mais que todos os outros por sua natureza original. O caminho mais fácil para criar uma jornada de elevação de personagens num roteiro quando você não tem ideia de como fazê-lo, é jogá-los nos piores patamares possíveis.

"Hobbits" sujos, usando roupas suadas, abandonando os fracos do clã, comendo coisas contaminadas que se rastejam no chão como selvagens e rolando na lama.

"Homens de Númenor" perdidos que não sabem criar os próprios filhos, informados pelo "disse me disse", fazendo brigas no meio da rua, indo para guerras sem sentido amparados por adolescentes e os voluntários.

"Elfos" mentirosos, trapaceiros, gananciosos, descontrolados, desonrados, covardes e irracionais.

Logo, é muito mais que fácil e sem esforço chegar em Homens que virão a ser grandes conquistadores, colonizadores e construtores, vencedores de grandes guerras contra o próprio Sauron. Chegar em Hobbits que virão a ser um povo ordenado, civilizado e unido que faz de tocas na terra uma moradia bela, digna e confortável. Ou em Elfos que virão a ser fundadores de reinos, mantenedores de conhecimento e de refúgios onde vive grande beleza, sabedoria e mistérios antigos do outro mundo. Se alguém passa um ano sujo e descabelado, não é difícil parecer um novo homem depois de receber um bom banho. Sabe, não precisa de muito, se você pensar bem. Qualquer coisa é melhor.

Existe a pergunta: "qual é a jornada que nessa vida nos faz mais bondosos, maiores e mais dignos?" Não apenas essa geração não sabe a resposta, como sequer chega a pensar na pergunta.

Será que alguém pode exercer o mal que não existe dentro do seu coração? Ou será que alguém pode representar o bem que seu espírito não conhece?

Mas existem aqueles que sabem muito bem o que faz alguém mais ruim, menor e menos digno. Alguns do nosso tempo diriam "é a injustiça". Não apenas diriam. Eis o tema da Segunda Temporada.

Ainda nos primeiros minutos do episódio que será disponibilizado amanhã, por exemplo, é exibido o calvário que Sauron passou nas mão de Adar, líder dos Orcs (humanoídes deformados e violentos), até retomar a forma humana e enganar Galadriel.

 
Última edição:
Justamente. Excelente descrição sobre as coisas que poderiam ter sido, por sinal. Eu li aqui em casa e mesmo um texto curto foi capaz de evocar imagens em nossas mentes. Enquanto isso ironicamente, essa é a sinopse da 1ª Temporada:


Ou seja: a luta entre o bem x mal (genericamente) e também veremos cenários! Muita criatividade.

Não apenas os Elfos foram reduzidos, mas todos os outros povos, embora num comparativo eles se destaquem mais que todos os outros por sua natureza original. O caminho mais fácil para criar uma jornada de elevação de personagens num roteiro quando você não tem ideia de como fazê-lo, é jogá-los nos piores patamares possíveis.

"Hobbits" sujos, usando roupas suadas, abandonando os fracos do clã, comendo coisas contaminadas que se rastejam no chão como selvagens e rolando na lama.

"Homens de Númenor" perdidos que não sabem criar os próprios filhos, informados pelo "disse me disse", fazendo brigas no meio da rua, indo para guerras sem sentido amparados por adolescentes e os voluntários.

"Elfos" mentirosos, trapaceiros, gananciosos, descontrolados, desonrados, covardes e irracionais.

Logo, é muito mais que fácil e sem esforço chegar em Homens que virão a ser grandes conquistadores, colonizadores e construtores, vencedores de grandes guerras contra o próprio Sauron. Chegar em Hobbits que virão a ser um povo ordenado, civilizado e unido que faz de tocas na terra uma moradia bela, digna e confortável. Ou em Elfos que virão a ser fundadores de reinos, mantenedores de conhecimento e de refúgios onde vive grande beleza, sabedoria e mistérios antigos do outro mundo. Se alguém passa um ano sujo e descabelado, não é difícil parecer um novo homem depois de receber um bom banho. Sabe, não precisa de muito, se você pensar bem. Qualquer coisa é melhor.

Existe a pergunta: "qual é a jornada que nessa vida nos faz mais bondosos, maiores e mais dignos?" Não apenas essa geração não sabe a resposta, como sequer chega a pensar na pergunta.

Será que alguém pode exercer o mal que não existe dentro do seu coração? Ou será que alguém pode representar o bem que seu espírito não conhece?

Mas existem aqueles que sabem muito bem o que faz alguém mais ruim, menor e menos digno. Alguns do nosso tempo diriam "é a injustiça". Não apenas diriam. Eis o tema da Segunda Temporada.

Ainda nos primeiros minutos do episódio que será disponibilizado amanhã, por exemplo, é exibido o calvário que Sauron passou nas mão de Adar, líder dos Orcs (humanoídes deformados e violentos), até retomar a forma humana e enganar Galadriel.


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Ia pela cabeça da produção sobre Hobbits misturar a caracterização dos elementos com aqueles dilemas mal resolvidos da sociedade de hoje. Nisso eles perderam a chance de conectar o passado e desmoralizaram a estrutura mesmo que se aceite o show como sendo um universo alternativo. Essa é a expressão... um ritual de vários episódios de desmoralização.

Se os hobbits se mantiveram como um segredo até ao tempo da Guerra do Anel sem enfrentar clima dos riscos de grande seriedade então os antepassados deles também tinham que trazer esses comportamentos, vivendo como "rabbits/coelhos" (Hobbits) "coelhos em tocas", em vidas que até podemos falar caóticas como costuma ser o mundo simples e básico próximo dos bosques e animais porém sem perigo de topar com servos do inimigo e cercados de animais que não eram do tipo dos lobos tocados por espíritos (como os demônios nos porcos do Novo Testamento) que perseguem Bilbo. Do contrário isso forjaria na época do Condado um povo muito mais sombrio, talvez até guerreiro quando sabemos que o Condado quando muito tinha carteiros.

O máximo de periculosidade e risco na vida deles deveria se relacionar a peças pregadas ou acidentes por gostar muito de jogos de curiosidades. Essa leveza na vida os salvava (resgatava) de problemas... Se eles por um acaso testemunhassem uma fumaça ao longe na floresta pensavam... "Alguém pregou uma peça de mal gosto por aí." e iam em outra direção diferente, porque as inclinações deles os afastavam do "tempo ruim" naturalmente, sendo mostradas ao leitor ao invés de enunciadas em diálogos. Hobbits são como a Lufa Lufa de Harry Potter, são divertidos e positivos e é muito difícil ou quase impossível de aparecer alguém profundamente maligno a não ser que o próprio Senhor do Escuro venha que é o que houve com Gollum porque o UM era Sauron em pessoa e ele veio pessoalmente corromper aquele Hobbit. A produção deve confundir os antepassados hobbits com os homens carroceiros ou habitantes das terras castanhas que eram povos comuns afeitos ao barbarismo de sempre. As linhagens hobbit eram mais ocultas e discretas que eles e escapavam dos registros. Poderia-se dizer que era um biotipo lendário.

Os Numenorianos, conhecidos por serem os Altos Homens pelo sangue élfico e contato com os Poderes, ficaram menos solenes do que os homens médios de Rohan dos filmes de Lotr. Também os males que eles combatiam não devia ser simplesmente de origem de bruxos/magos negros... Nos livros muito provavelmente era algo mais primordial, a ser referido num sentido de resíduos das trevas de Melkor, pedaços arruinados do imenso império que o ex-Vala governou um dia espalhados por aí. A sombra ia além do conhecimento humano e o mundo era grande, cheio de maravilhas.

Porque eles ficaram menores, bem novamente, enfraqueceram o núcleo élfico, elfos feios (ou menos bonitos se preferir), Galadriel (uma referência) com problemas de hiper-atividade subindo Everest. Preferiria vê-la lembrando, em flashback, o que ela experimentou combatendo a grande derrota. Era para ela acordar tendo pesadelos com cenas de sofrimento diante de navios élficos incendiados no passado. Era para ela suar frio tendo visões de futuros possíveis dela sangrando desamparada até a morte enquanto Lorien pega fogo:

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Ou ainda no tipo de batalha mental esperado e que ela (e no passado Melian também) enfrentavam contra Sauron, afinal, ela era uma "Veterana das Guerras Psíquicas", como diriam na música.

Mas nós vemos Galadriel perdida, sendo ludibriada (sendo que ela era uma das poucas pessoas que não era ludibriada, chegar viva na segunda Era, e depois viver na terceira eram atestados do faro dela).
 
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Ia pela cabeça da produção sobre Hobbits misturar a caracterização dos elementos com aqueles dilemas mal resolvidos da sociedade de hoje. Nisso eles perderam a chance de conectar o passado e desmoralizaram a estrutura mesmo que se aceite o show como sendo um universo alternativo. Essa é a expressão... um ritual de vários episódios de desmoralização.

Justamente.

Se os hobbits se mantiveram como um segredo até ao tempo da Guerra do Anel sem enfrentar clima dos riscos de grande seriedade então os antepassados deles também tinham que trazer esses comportamentos, vivendo como "rabbits/coelhos" (Hobbits) "coelhos em tocas", em vidas que até podemos falar caóticas como costuma ser o mundo simples e básico próximo dos bosques e animais porém sem perigo de topar com servos do inimigo e cercados de animais que não eram do tipo dos lobos tocados por espíritos (como os demônios nos porcos do Novo Testamento) que perseguem Bilbo. Do contrário isso forjaria na época do Condado um povo muito mais sombrio, talvez até guerreiro quando sabemos que o Condado quando muito tinha carteiros.

Bela comparação com os porcos. Nunca havia pensado nisso. Estávamos falando sobre porcos hoje mesmo aqui em casa. Não que tenha a ver com o assunto, mas você sabia que os porcos não pensam nem um pouco para comer uma pessoa? Quem cria porcos só entra nos criadouros em pares, porque existe muita chance de alguém tropeçar e "perder alguma parte do corpo."
Voltando ao assunto. Exatamente. Um povo constantemente ameaçado não cresceria numa sociedade tão pacífica e pouco alerta com a possibilidade do perigo no mundo lá fora. É de se imaginar que, cedo ou tarde, um povo nômade que visita tantas terras estranhas há tanto tempo vá arranjar uma forma de combate, porque os desafios e situações mudam com o passar do tempo. É realmente estranho como eles são apresentados como um povo sem estabilidade, à mercê das intempéries da vida, dos locais e de seus habitantes, e simplesmente não tenham forma alguma de se defender. O caso dos lobos naquele campo de amoras ou do próprio Estranho (caso fosse um inimigo), mostra que no mínimo conflito metade do povo deles já estaria exterminado. Não é factível com a realidade num mundo selvagem.

O máximo de periculosidade e risco na vida deles deveria se relacionar a peças pregadas ou acidentes por gostar muito de jogos de curiosidades. Essa leveza na vida os salvava (resgatava) de problemas... Se eles por um acaso testemunhassem uma fumaça ao longe na floresta pensavam... "Alguém pregou uma peça de mal gosto por aí." e iam em outra direção diferente, porque as inclinações deles os afastavam do "tempo ruim" naturalmente, sendo mostradas ao leitor ao invés de enunciadas em diálogos. Hobbits são como a Lufa Lufa de Harry Potter, são divertidos e positivos e é muito difícil ou quase impossível de aparecer alguém profundamente maligno a não ser que o próprio Senhor do Escuro venha que é o que houve com Gollum porque o UM era Sauron em pessoa e ele veio pessoalmente corromper aquele Hobbit. A produção deve confundir os antepassados hobbits com os homens carroceiros ou habitantes das terras castanhas que eram povos comuns afeitos ao barbarismo de sempre. As linhagens hobbit eram mais ocultas e discretas que eles e escapavam dos registros. Poderia-se dizer que era um biotipo lendário.

De fato, os Hobbits se assemelhariam muito mais com seres folclóricos e secretos do que com seres humanos, porém pequenos, como eles vêm sendo retratados. Seres folclóricos eram raros de serem avistados. Quando acontecia, era como um vislumbre ou sonho e quem os avistava não sabia o que tinha visto, só sendo capaz de descrevê-los com palavras escolhidas pela semelhança com aquilo que conhecia. Para um humano, eles se assemelhariam com "uma criança pequena", mas na realidade, seria algo tão específico e particular que mal poderia ser explicado, como é próprio das criaturas mágicas. Os seres folclóricos são, em sua maioria, descritos quando essa condição de segredo é quebrada, em uma situação tão rara e especial, que se tornava lenda. É o caso aqui. Na série, porém, eles já foram revelados. Os próprios Istari foram revelados. E não seria nada de se surpreender se de alguma forma Nori fosse parar no arco de Sauron, tão contraditório isso fosse (porque você sabe, "meu dinheiro por um easter egg").

É um problema crônico da mentalidade materialista não conseguir criar o fascínio e encanto ao apresentar uma nova espécie fantástica, como era feito antigamente. No passado, duendes, fadas, elfos, mesmo com poucos recursos e usando de técnicas simples, poderiam ter uma sensação de outra raça, de outro mundo. Lembra das fadinhas do Castelo Rá-Tim-Bum? Aquela equipe foi mestre em usar recursos simples mas muito criativos para dar uma dimensão mágica ao castelo. As gavetas da cozinha pareciam guardar caminhos secretos, porque dentro do lustre havia uma pequena dimensão onde moravam criaturinhas brilhantes com cores bonitas. Hoje, cada vez mais, todas as coisas terminam nesse caminho simplista de "humanos com fantasia" e ponto final. Os Elfos, por exemplo, de caminhar vagaroso, sentimento de reflexão silenciosa e distanciamento do mundo presente da trilogia, foram copiados nessa série (principalmente nos figurantes de fundo), e nenhum outro recurso foi criado no intento de diferenciar a raça das outras. Muito pelo contrário. Sem isso, seria ainda mais como qualquer outra raça. Os Anões, por exemplo, não trazem um sentimento diferente, mas eles têm muitas brigas de casal e gritaria, como uma pessoa contemporânea. Até hoje eu não vi uma representação que captasse esse espírito feliz, brincalhão, muito mais puro do que outras raças, misturada com o aspecto folclórico que causa estranheza e traduzidos numa forma física para os Hobbits. Assim como para o caso de Tom Bombadil, acho que isso se torna cada vez mais distante, sendo deixado para trás em memórias desbotadas.

Os Numenorianos, conhecidos por serem os Altos Homens pelo sangue élfico e contato com os Poderes, ficaram menos solenes do que os homens médios de Rohan dos filmes de Lotr. Também os males que eles combatiam não devia ser simplesmente de origem de bruxos/magos negros... Nos livros muito provavelmente era algo mais primordial, a ser referido num sentido de resíduos das trevas de Melkor, pedaços arruinados do imenso império que o ex-Vala governou um dia espalhados por aí. A sombra ia além do conhecimento humano e o mundo era grande, cheio de maravilhas.

Sim, eu imagino o que quer dizer.

Porque eles ficaram menores, bem novamente, enfraqueceram o núcleo élfico, elfos feios (ou menos bonitos se preferir), Galadriel (uma referência) com problemas de hiper-atividade subindo Everest. Preferiria vê-la lembrando, em flashback, o que ela experimentou combatendo a grande derrota. Era para ela acordar tendo pesadelos com cenas de sofrimento diante de navios élficos incendiados no passado. Era para ela suar frio tendo visões de futuros possíveis dela sangrando desamparada até a morte enquanto Lorien pega fogo:

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Ou ainda no tipo de batalha mental esperado e que ela (e no passado Melian também) enfrentavam contra Sauron, afinal, ela era uma "Veterana das Guerras Psíquicas", como diriam na música.

Mas nós vemos Galadriel perdida, sendo ludibriada (sendo que ela era uma das poucas pessoas que não era ludibriada, chegar viva na segunda Era, e depois viver na terceira eram atestados do faro dela).

Um exemplo disso,
na 2ª Temporada ela tem visões com "Celebrimbor" sendo usado e terminando morto por "Sauron", mas ela não desenvolve nenhum senso de urgência com isso. Entretanto, na 1ª Temporada, ela matava Elfos numa busca irracional. Quando ela finalmente encontra "Sauron", parece que apenas para de se importar tanto. Não apenas é ludibriada, como ela mesma se engana, pela própria vontade. E como se esse fato não fosse claro na 1ª Temporada, o próprio "Elrond" confirma na 2ª em certos diálogos. E o caráter desagradável e tolo que ela tinha e não era permitido ser criticado pelo público, passa a ser confirmado dentro do próprio enredo. :|
 
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Bela comparação com os porcos. Nunca havia pensado nisso. Estávamos falando sobre porcos hoje mesmo aqui em casa. Não que tenha a ver com o assunto, mas você sabia que os porcos não pensam nem um pouco para comer uma pessoa? Quem cria porcos só entra nos criadouros em pares, porque existe muita chance de alguém tropeçar e "perder alguma parte do corpo."
Voltando ao assunto. Exatamente. Um povo constantemente ameaçado não cresceria numa sociedade tão pacífica e pouco alerta com a possibilidade do perigo no mundo lá fora. É de se imaginar que, cedo ou tarde, um povo nômade que visita tantas terras estranhas há tanto tempo vá arranjar uma forma de combate, porque os desafios e situações mudam com o passar do tempo. É realmente estranho como eles são apresentados como um povo sem estabilidade, à mercê das intempéries da vida, dos locais e de seus habitantes, e simplesmente não tenham forma alguma de se defender. O caso dos lobos naquele campo de amoras ou do próprio Estranho (caso fosse um inimigo), mostra que no mínimo conflito metade do povo deles já estaria exterminado. Não é factível com a realidade num mundo selvagem.

Pra você ver... E isso os porcos no estado natural. Imagine hobbits (ou antepassados deles) contra feras tomadas de espíritos apavorantes... Enfrentar algo assim os antepassados Hobbits poderiam querer se tornar numa Rohan, na melhor das hipóteses ou na pior das hipóteses numa daquelas cidades de Numenorianos negros que caíram em direção da magia negra (isso se não morressem e sumissem). Não ficariam inalterados.

Eles viviam escondidos na periferia de grandes acontecimentos, de lugares impressionantes, o condado era perto da colina dos Túmulos, de Tom Bombadil, da Floresta Velha. Indo para oeste eram os Portos cinzentos, ao norte o lago Nenuial, antiga casa élfica.


De fato, os Hobbits se assemelhariam muito mais com seres folclóricos e secretos do que com seres humanos, porém pequenos, como eles vêm sendo retratados. Seres folclóricos eram raros de serem avistados. Quando acontecia, era como um vislumbre ou sonho e quem os avistava não sabia o que tinha visto, só sendo capaz de descrevê-los com palavras escolhidas pela semelhança com aquilo que conhecia. Para um humano, eles se assemelhariam com "uma criança pequena", mas na realidade, seria algo tão específico e particular que mal poderia ser explicado, como é próprio das criaturas mágicas. Os seres folclóricos são, em sua maioria, descritos quando essa condição de segredo é quebrada, em uma situação tão rara e especial, que se tornava lenda. É o caso aqui. Na série, porém, eles já foram revelados. Os próprios Istari foram revelados. E não seria nada de se surpreender se de alguma forma Nori fosse parar no arco de Sauron, tão contraditório isso fosse (porque você sabe, "meu dinheiro por um easter egg").

É um problema crônico da mentalidade materialista não conseguir criar o fascínio e encanto ao apresentar uma nova espécie fantástica, como era feito antigamente. No passado, duendes, fadas, elfos, mesmo com poucos recursos e usando de técnicas simples, poderiam ter uma sensação de outra raça, de outro mundo. Lembra das fadinhas do Castelo Rá-Tim-Bum? Aquela equipe foi mestre em usar recursos simples mas muito criativos para dar uma dimensão mágica ao castelo. As gavetas da cozinha pareciam guardar caminhos secretos, porque dentro do lustre havia uma pequena dimensão onde moravam criaturinhas brilhantes com cores bonitas. Hoje, cada vez mais, todas as coisas terminam nesse caminho simplista de "humanos com fantasia" e ponto final. Os Elfos, por exemplo, de caminhar vagaroso, sentimento de reflexão silenciosa e distanciamento do mundo presente da trilogia, foram copiados nessa série (principalmente nos figurantes de fundo), e nenhum outro recurso foi criado no intento de diferenciar a raça das outras. Muito pelo contrário. Sem isso, seria ainda mais como qualquer outra raça. Os Anões, por exemplo, não trazem um sentimento diferente, mas eles têm muitas brigas de casal e gritaria, como uma pessoa contemporânea. Até hoje eu não vi uma representação que captasse esse espírito feliz, brincalhão, muito mais puro do que outras raças, misturada com o aspecto folclórico que causa estranheza e traduzidos numa forma física para os Hobbits. Assim como para o caso de Tom Bombadil, acho que isso se torna cada vez mais distante, sendo deixado para trás em memórias desbotadas.

Essa parte povos tem nos livros algo que eles limaram do conceito no ROP.

As bençãos e maldições dos seres do mundo vinham dos Ainur. "A esperança dos homens vem do Oeste" conforme se diz.

Por conta disso conforto da casa do Bilbo, e de todas as outras casas anãs, humanas e élficas existe por conta dos ciclos de abundância propiciados pelos Ainur. A casa de Bilbo fica numa paisagem bonita, sem doenças, com água limpa, sem crimes, onde a comida cresce fácil e farta mesmo nos bosques se encontram frutas e verduras silvestres que eles mesmos plantam pra ter maior comodidade quando viajam por lá.

A primeira trilogia de SdA o clima do Condado é todo em ritmo de "Festival da Colheita" novamente primordial ou de começos dos cultos da natureza pagãos da Era do Bronze. Os anões também eram influenciados pelas dádivas, o que crescia e vivia no chão, tubérculos, cogumelos, caça e pesca.

As maldições também vinham dos Ainur, tipo os orcs condenados por Eru desde a canção de Melkor.

Porém na série estragaram primeiro os limites da comunicação e os idiomas colocando todos com cultura muito parecida e sem personalidade (Parece até uma reunião da ONU). Apagaram a diferença da formalidade entre classe, sotaque e visão de mundo dos povos. Também apagaram o temperamento e traços físicos das raças pra ficar politicamente correto. E isso começou a agudizar na Trilogia O Hobbit.

O ator que faz o Bilbo na última trilogia intepreta o papel para o público moderno (diferente do começo do século 20) com déficit de atenção, que dependem sempre de tiradas e piadinhas rápidas no estilo filme Marvel/Pixar/Disney e que culmina na cena criticada dos túneis dos anões aonde tudo descambou pra galhofa estilo vinheta MTV total. O Bilbo original tem jeito de comerciante, faz algumas observações ranzinzas revezadas com bom humor despretensioso e puro é um hobbit armado de paciência... Já o Bilbo da trilogia nova é hiper-ativo, o ator dá o dedo do meio em fotos oficiais num filme infatil de Tolkien e apesar de ele acertar várias cenas dá pra ver que tem uma dose de neurose moderna nele porque o clima da produção estava contaminado de neurose.

Isso deixa a fantasia genérica, de ritmo monotônico urbanita como uma música de Melkor. Como colocar hobbits com parte das habilidades de homens-púkel, das lendas do sangue de fadas que corria nas veias deles, que virão a habitar uma terra oculta, reserva particular do Rei de Gondor com isso que aí está na Amazon... É de lascar a boca do cano. Não a toa estão falando que fizeram o roteiro com IA. E usaram a IA mal ainda por cima.

Uma das primeiras bençãos dos Ainur, incumbidas por Eru nos livros, era o Hröa. Que teve o conceito desfigurado na série.

Um exemplo disso,
na 2ª Temporada ela tem visões com "Celebrimbor" sendo usado e terminando morto por "Sauron", mas ela não desenvolve nenhum senso de urgência com isso. Entretanto, na 1ª Temporada, ela matava Elfos numa busca irracional. Quando ela finalmente encontra "Sauron", parece que apenas para de se importar tanto. Não apenas é ludibriada, como ela mesma se engana, pela própria vontade. E como se esse fato não fosse claro na 1ª Temporada, o próprio "Elrond" confirma na 2ª em certos diálogos. E o caráter desagradável e tolo que ela tinha e não era permitido ser criticado pelo público, passa a ser confirmado dentro do próprio enredo. :|


Essa lacuna veio da produção ter feito desenvolvimento bidimensional do passado da Galadriel-Celebrimbror

Galadriel e Celebrimbor em algum ponto do passado distante criaram laço de amizade mas Sauron, à maneira de Melkor em Aman, que se antepõe, eclipsando, desequilibrando o relacionamento entre elfos crescendo/ocupando espaço na mente de Celebrimbor e com sutileza, passividade para não dar alarme de algo tão específico num plano tão grande. Talvez Sauron não enxergasse necessidade ainda de quebrar o disfarce ou de se apressar, talvez ele entendesse que conseguiria os anéis antes disso. O caso é que é importante notar esse detalhe porque em Aman mesmo contando com a premonição dos Poderes os eventos específicos foram ocultados e Melkor destruiu o lugar, embora as visões de traumas passados e as premonições periféricas dos elfos continuassem normais e Galadriel poderia prever coisas da vida dela se não olhasse para Eregion enquanto que se mirasse nessa direção encontraria um bloqueio passivo, uma água escura.

Ia no desejo do coração de Celebrimbor fazer um poderoso reino Noldor (profundamente estabelecido em magia diferentemente de reinos como o de Maedhros), com elementos parecidos aos de Doriath (inclusive com um Maia presente que no caso seria Annatar pelo andar da carruagem), próximo dos anões com auxílio do poder dos anéis élficos.

Galadriel percebe que Annatar vinha se apresentando como emissário Ainur trazendo presentes dos Valar e ela sendo uma das principais exiladas não podia contar nem com bençãos nem com maldições dos Poderes sem questionar a situação. A cabeça dela estava na balança a medida que os principais dos exilados antigos diretos da maldição de Mandos eram eliminados um a um. Então creio que a origem da desconfiança de Galadriel vem primeiro desses elementos do destino (que no passado arrastaram ela quando Fëanor partiu de Aman). Galadriel revive e repete os últimos dias de Aman em Eregion.
 
Pra você ver... E isso os porcos no estado natural. Imagine hobbits (ou antepassados deles) contra feras tomadas de espíritos apavorantes... Enfrentar algo assim os antepassados Hobbits poderiam querer se tornar numa Rohan, na melhor das hipóteses ou na pior das hipóteses numa daquelas cidades de Numenorianos negros que caíram em direção da magia negra (isso se não morressem e sumissem). Não ficariam inalterados.

Justamente.
Eles viviam escondidos na periferia de grandes acontecimentos, de lugares impressionantes, o condado era perto da colina dos Túmulos, de Tom Bombadil, da Floresta Velha. Indo para oeste eram os Portos cinzentos, ao norte o lago Nenuial, antiga casa élfica.

Essa parte povos tem nos livros algo que eles limaram do conceito no ROP.

As bençãos e maldições dos seres do mundo vinham dos Ainur. "A esperança dos homens vem do Oeste" conforme se diz.

Por conta disso conforto da casa do Bilbo, e de todas as outras casas anãs, humanas e élficas existe por conta dos ciclos de abundância propiciados pelos Ainur. A casa de Bilbo fica numa paisagem bonita, sem doenças, com água limpa, sem crimes, onde a comida cresce fácil e farta mesmo nos bosques se encontram frutas e verduras silvestres que eles mesmos plantam pra ter maior comodidade quando viajam por lá.

A primeira trilogia de SdA o clima do Condado é todo em ritmo de "Festival da Colheita" novamente primordial ou de começos dos cultos da natureza pagãos da Era do Bronze. Os anões também eram influenciados pelas dádivas, o que crescia e vivia no chão, tubérculos, cogumelos, caça e pesca.

As maldições também vinham dos Ainur, tipo os orcs condenados por Eru desde a canção de Melkor.

Bem, imagine um mundo onde a maldição ou benção dos Valar é interpretada como
um sacrifício humano para um monstro marinho em Númenor pré-Sauron e caso os Valar, que teoricamente ficam controlando o bicho como um pet na coleira, abençoem tal indivíduo, ele é cuspido do mar e vem voando pelos ares. O mesmo bicho que passeia pelo mundo na 1ª Temporada comendo pessoas, menos Galadriel e Sauron, dando a entender que os Valar desejam esse encontro! Também tem uma imagem de uma águia levando um bebê embora nos tótens Terras do Sul.

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A série dá a entender que a Águia designou Pharazôn. E isso passa a impressão de que as grandes bestas daquela terra, digamos, são controladas pelas deidades de moralidade duvidosa ao estilo grego
como supomos que eles transformariam os Valar nessa série. Eu tinha dito lá atrás na época das especulações, mas se a culpa da Queda não cair para os Fiéis, para os Elfos ou para os próprios Valar que, dentro da série, mandaram Míriel para matar seu próprio povo ao lado de Sauron através da árvore, eu nem digo nada.
Porém na série estragaram primeiro os limites da comunicação e os idiomas colocando todos com cultura muito parecida e sem personalidade (Parece até uma reunião da ONU). Apagaram a diferença da formalidade entre classe, sotaque e visão de mundo dos povos. Também apagaram o temperamento e traços físicos das raças pra ficar politicamente correto. E isso começou a agudizar na Trilogia O Hobbit.

Sim. A característica cultural dos povos é ter diversas características culturais kkkk. Eles não tem barreiras culturais ou afinidades por semelhanças. Qualquer um deles irá brotar em outra região e será visto com total normalidade. E isso não é nem falando de Homens comuns entre Homens de Númenor, mas uma extrapolação tamanha como os próprios humanos se deparando com Ents e pouco se importando. É como se os personagens pensassem que estão em um mundo de fantasia e que isso é o que se vê por aí todos os dias. Essa série tem um sério problema entre separar o estado do autor e da criação. Não apenas nessa apatia com o fantástico mas com confusões entre núcleos também, onde um personagem adivinha o que o outro falou sem estarem na mesma cena.

Essa questão da formalidade me espanta porque não é apenas uma coisa dessa série. A formalidade parece estar virando um conceito social esquecido nessa década, então ela sumiria na mídia rapidamente.
Eu não sei se já mencionei, mas o Bilbo do filme parece abrir a porta para os Anões porque ele é fraco, tem confusão mental e principalmente porque está com medo de apanhar (parece o menino que sofreu bullying e ficou com sequelas). O Bilbo do livro me pareceu aqueles senhores muito cordiais que simplesmente não poderiam fechar a porta para uma pessoa. Um eco daqueles tempos dos nossos avós e bisavós que não negavam cordialidade e convidavam qualquer pessoa para tomar um café em casa depois de uma "prosa" alegre, quando aquele tempo propiciava segurança suficiente para fazer isso. Eu peguei o finalzinho dessa época, no começo dos idos 2000, então tenho um sentimento quase desbotado a respeito.
O conceito do ritual social e da cordialidade morrem nas primeiras cenas d'O Hobbit. 10 anos depois não me surpreende isso estar em extinção. Na série, não existe o conceito de reunião de mestres e líderes sob posições hierárquicas. Já no Hobbit, uma das tentativas de fazer isso termina com aquela cena com a comida que faria nossos avós terem algumas coisas para dizer. Na série, "Gil-galad" chama "Dúrin" para uma reunião que deveria ser formal, para dali mesmo sair palavrão e um roubo no fim das contas. "Dúrin Rei" chama os emissários dos Reis Anãos, só para quase bater em um e humilhar o restante, o que "obviamente" propiciaria uma ótima impressão em um ambiente de negociação e aliança (e mesmo assim tudo ocorre normalmente). Sem falar a relação de pai moderno e filhos rebeldes de Gil-galad, Galadriel e Elrond, para citar pouquíssimos exemplos.
O ator que faz o Bilbo na última trilogia intepreta o papel para o público moderno (diferente do começo do século 20) com déficit de atenção, que dependem sempre de tiradas e piadinhas rápidas no estilo filme Marvel/Pixar/Disney e que culmina na cena criticada dos túneis dos anões aonde tudo descambou pra galhofa estilo vinheta MTV total.

Esse humor é a importação de um estilo. Filmes com tiradas no meio para dar uma certa leveza pontual. Mas a última década padronizou isso ao limite do desgaste ao ponto que sobrava piadas só que faltava humor. Não era algo que a fantasia precisasse e precisou menos ainda quando eles começaram a tentar fazer e falhar miseravelmente.
O Bilbo original tem jeito de comerciante, faz algumas observações ranzinzas revezadas com bom humor despretensioso e puro é um hobbit armado de paciência...

É o típico jeito de senhorzinho que mencionei. Não é uma coisa que muitos dessa geração e da próxima virão a conhecer. Isso está sumindo das mentes. Aquele Balin, que para mim foi o melhor ator e mais apropriado para o gênero do livro, poderia oferecer uma linha mais próxima disso, mas é como você disse, essa fórmula para o "novo público" minou essas pequenas delicadezas.
Já o Bilbo da trilogia nova é hiper-ativo, o ator dá o dedo do meio em fotos oficiais num filme infatil de Tolkien e apesar de ele acertar várias cenas dá pra ver que tem uma dose de neurose moderna nele porque o clima da produção estava contaminado de neurose.

Quando vi essa foto eu tive um choque de realidade. O mundo não era mais o mesmo. As pessoas não podiam mais separar a vida pessoal do trabalho, que é o que vemos hoje em dia como uma epidemia. É um símbolo como esse que mostra que situações como a amizade entre os atores que surgiu na época da trilogia do SdA e perdura até hoje não ganhariam espaço se ela fosse feita nessa década e ou na anterior. Até aquele tempo existia uma honestidade nas pessoas que propiciava coisas boas acontecerem de forma espontânea. Era assim em praticamente todos os lugares. Além disso o ambiente entre eles parecia ser acolhedor, e isso foi para a tela de alguma forma que podemos sentir mas talvez não distinguir. Mas agora, com essa automatização da atuação, quando os atores ficam isolados de outras pessoas, do ambiente, ou de laços, é muito distinto. E uma profissão como essa sente isso muito mais que outras, eu suponho.

Eu não tinha visto isso aqui:

Ian McKellen, de O Senhor dos Anéis, foi reduzido às 'lágrimas' por causa das filmagens brutais

McKellen acrescentou: "Fingir que você está com outras 13 pessoas quando está sozinho leva sua capacidade técnica ao limite absoluto."

"Eu chorei, na verdade. Eu chorei. Então eu disse em voz alta: 'Não foi por isso que me tornei ator!'"

McKellen disse: "Pode ser impressão minha, mas não me lembro de uma tela verde em O Senhor dos Anéis. Se Gandalf estivesse no topo de uma montanha, eu estaria lá na montanha. A tecnologia estava sendo inventada enquanto fazíamos o filme. Eu não estava envolvido em nada disso, eu estava fora atuando em uma montanha."
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As relações humanas são uma alquimia muito delicada e eu não imagino o sofrimento de participar de uma criação sem amor e ainda sem alma.

Comentário interessante no Reddit:
Isso deixa a fantasia genérica, de ritmo monotônico urbanita como uma música de Melkor. Como colocar hobbits com parte das habilidades de homens-púkel, das lendas do sangue de fadas que corria nas veias deles, que virão a habitar uma terra oculta, reserva particular do Rei de Gondor com isso que aí está na Amazon... É de lascar a boca do cano. Não a toa estão falando que fizeram o roteiro com IA. E usaram a IA mal ainda por cima.

Eu tenho a teoria de que eles escreverem um primeiro roteiro para as duas temporadas, mas por alguma razão tiveram que mudar do nada e aí usaram a I.A para fazer o mais rápido possível. Daí deu a gororobinha. Coisas como aquela mão de galhos no começo quando o Arondir é levado nos túneis para nessa 2ª temporada aparecer junto com os Ents que fazem uma cena de 5 minutos e vão embora sem nenhuma explicação. Parece um grande retalho. Isso explicaria o porquê tudo é tão atropelado e incoerente. Eu acho que eles montaram uma nova história com picotes de uma história anterior. Talvez no final da série dê pra perceber isso melhor, se o Bezos aguentar bancar do próprio bolso.
Uma das primeiras bençãos dos Ainur, incumbidas por Eru nos livros, era o Hröa. Que teve o conceito desfigurado na série.

Desfigurado é a palavra.
Essa lacuna veio da produção ter feito desenvolvimento bidimensional do passado da Galadriel-Celebrimbror

Galadriel e Celebrimbor em algum ponto do passado distante criaram laço de amizade mas Sauron, à maneira de Melkor em Aman, que se antepõe, eclipsando, desequilibrando o relacionamento entre elfos crescendo/ocupando espaço na mente de Celebrimbor e com sutileza, passividade para não dar alarme de algo tão específico num plano tão grande. Talvez Sauron não enxergasse necessidade ainda de quebrar o disfarce ou de se apressar, talvez ele entendesse que conseguiria os anéis antes disso. O caso é que é importante notar esse detalhe porque em Aman mesmo contando com a premonição dos Poderes os eventos específicos foram ocultados e Melkor destruiu o lugar, embora as visões de traumas passados e as premonições periféricas dos elfos continuassem normais e Galadriel poderia prever coisas da vida dela se não olhasse para Eregion enquanto que se mirasse nessa direção encontraria um bloqueio passivo, uma água escura.

Ia no desejo do coração de Celebrimbor fazer um poderoso reino Noldor (profundamente estabelecido em magia diferentemente de reinos como o de Maedhros), com elementos parecidos aos de Doriath (inclusive com um Maia presente que no caso seria Annatar pelo andar da carruagem), próximo dos anões com auxílio do poder dos anéis élficos.

Galadriel percebe que Annatar vinha se apresentando como emissário Ainur trazendo presentes dos Valar e ela sendo uma das principais exiladas não podia contar nem com bençãos nem com maldições dos Poderes sem questionar a situação. A cabeça dela estava na balança a medida que os principais dos exilados antigos diretos da maldição de Mandos eram eliminados um a um. Então creio que a origem da desconfiança de Galadriel vem primeiro desses elementos do destino (que no passado arrastaram ela quando Fëanor partiu de Aman). Galadriel revive e repete os últimos dias de Aman em Eregion.
Entendo. Muito interessante isso, faz sentido. Na série não existe sutileza na abordagem de Sauron para com Celebrimbor. Os dois ficam se ofendendo, se empurrando e faltando sair no tapa.
Quando o "Sauron" perde a paciência, só joga no Celebrimbor o "Outra Dimensão" do Saga e lá ele nem precisa convencê-lo porque ele só fica balançando a cabeça e dizendo "sim senhor' como um paciente depois do tratamento de choque.
E nem para ser outro personagem. O mesmo Celebrimbor que é torturado mas não revela o local dos Três.
Além disso, Galadriel não existe em Eregion nessa série, então ela não tem influência alguma sobre isso, nem para interferir nem para alertar. Ela mora em Lindon e não tem uma ligação com Eregion para, digamos, deixar Sauron e Celebrimbor mais à vontade...
 
Última edição:
Bem, imagine um mundo onde a maldição ou benção dos Valar é interpretada como

...

um sacrifício humano para um monstro marinho em Númenor pré-Sauron e caso os Valar, que teoricamente ficam controlando o bicho como um pet na coleira, abençoem tal indivíduo, ele é cuspido do mar e vem voando pelos ares. O mesmo bicho que passeia pelo mundo na 1ª Temporada comendo pessoas, menos Galadriel e Sauron, dando a entender que os Valar desejam esse encontro! Também tem uma imagem de uma águia levando um bebê embora nos tótens Terras do Sul.

A série dá a entender que a Águia designou Pharazôn. E isso passa a impressão de que as grandes bestas daquela terra, digamos, são controladas pelas deidades de moralidade duvidosa ao estilo grego

Eu ainda não os vi desenvolverem janelas de oportunidade decentemente, eles despejam cada evento sem worldbuilding, sem profiling, sem clima, sem atmosfera, sem texto... Nem precisa de continuista, só acrescentam coisas sem pensar muito.

A título de comparação, por exemplo, os ovos de dragão em Game of Thrones (que Bezos se inspira pra produzir ROP) quando aparecem no show de GOT passam impressão de serem especiais, já os anéis em ROP parecem um saco de quinquilharias sendo que originalmente cada jóia devia se mostrar como um artefato um pouco temível, algo como uma ogiva nuclear na mão devido ao enorme potencial. O efeito é banalização, ficou trivial como ver um vídeo de alguém comprando um game no Jovem Nerd. Eu lembro que em O Senhor dos Anéis do PJ o UM quando cai no chão simula a física do peso da ponta de uma marreta caindo no piso pra demonstrar que é uma carga densa, com gravidade e atração própria... Mas se roteirizaram até mesmo um Celebrimbor com cara de pessoa comum então o resultado é fraco mesmo.

Noto que parte do projeto visual da primeira pra segunda temporada foi modificado propagando a inconsistência do plano geral e considero que dispensaram as consultorias da época do lançamento da obra de vez, mesmo os rituais e fé da Ilha de Númenor, de uma nação marítima fundada com uma das bases num legado/benção pouco compreendido (Valar) e sinais fortuitos de entidades da água (como a filha do rio em Tom Bombadil parecia ser uma delas) não foi tratado. Faltou foco em música/trilha sonora (Ulmo), de desafiar o destino e se ligar ao sangue que ecoa temas de obras como a A Pequena Sereia (que no caso de Númenor a entidade que abençoava barcos protegendo de Osse era uma maia e também um tipo de fada do mar, Uinen):


A cidade era pra ter arquitetura mais solene, misteriosa, devia ser labiríntica com partes proibidas e assustadora como a profudeza do mar e aquelas estátuas gigantes das Argonath em LOTR. E com acesso dessa produção seria fácil encontrar material de base, se realmente quisessem ir mais fundo, escritos do século 19 possuem árvores de evolução dos dois ramos de seres vivos que saem da terra e da água e mapeiam as fadas todas conforme se mostra na teosofia.

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como supomos que eles transformariam os Valar nessa série. Eu tinha dito lá atrás na época das especulações, mas se a culpa da Queda não cair para os Fiéis, para os Elfos ou para os próprios Valar que, dentro da série, mandaram Míriel para matar seu próprio povo ao lado de Sauron através da árvore, eu nem digo nada.

Se tivessem a consultoria dos livros saberiam como tratar os Valar. Saberiam que a luz das árvores usada nas Silmarils não era simples luz mas algo como a luz do monte Tabor da transfiguração no cristianismo:


In Eastern Orthodox Christian theology, the Tabor Light (Ancient Greek: Φῶς τοῦ Θαβώρ "Light of Tabor", or Ἄκτιστον Φῶς "Uncreated Light", Θεῖον Φῶς "Divine Light"; Russian: Фаворский свет "Taboric Light"; Georgian: თაბორის ნათება) is the light revealed on Mount Tabor at the Transfiguration of Jesus, identified with the light seen by Paul at his conversion.

As a theological doctrine, the uncreated nature of the Light of Tabor was formulated in the 14th century by Gregory Palamas, an Athonite monk, defending the mystical practices of Hesychasm against accusations of heresy by Barlaam of Calabria. When considered as a theological doctrine, this view is known as Palamism after Palamas.[1][2]

Sim. A característica cultural dos povos é ter diversas características culturais kkkk. Eles não tem barreiras culturais ou afinidades por semelhanças. Qualquer um deles irá brotar em outra região e será visto com total normalidade. E isso não é nem falando de Homens comuns entre Homens de Númenor, mas uma extrapolação tamanha como os próprios humanos se deparando com Ents e pouco se importando. É como se os personagens pensassem que estão em um mundo de fantasia e que isso é o que se vê por aí todos os dias. Essa série tem um sério problema entre separar o estado do autor e da criação. Não apenas nessa apatia com o fantástico mas com confusões entre núcleos também, onde um personagem adivinha o que o outro falou sem estarem na mesma cena.

Essa questão da formalidade me espanta porque não é apenas uma coisa dessa série. A formalidade parece estar virando um conceito social esquecido nessa década, então ela sumiria na mídia rapidamente.
Eu não sei se já mencionei, mas o Bilbo do filme parece abrir a porta para os Anões porque ele é fraco, tem confusão mental e principalmente porque está com medo de apanhar (parece o menino que sofreu bullying e ficou com sequelas). O Bilbo do livro me pareceu aqueles senhores muito cordiais que simplesmente não poderiam fechar a porta para uma pessoa. Um eco daqueles tempos dos nossos avós e bisavós que não negavam cordialidade e convidavam qualquer pessoa para tomar um café em casa depois de uma "prosa" alegre, quando aquele tempo propiciava segurança suficiente para fazer isso. Eu peguei o finalzinho dessa época, no começo dos idos 2000, então tenho um sentimento quase desbotado a respeito.
O conceito do ritual social e da cordialidade morrem nas primeiras cenas d'O Hobbit. 10 anos depois não me surpreende isso estar em extinção. Na série, não existe o conceito de reunião de mestres e líderes sob posições hierárquicas. Já no Hobbit, uma das tentativas de fazer isso termina com aquela cena com a comida que faria nossos avós terem algumas coisas para dizer. Na série, "Gil-galad" chama "Dúrin" para uma reunião que deveria ser formal, para dali mesmo sair palavrão e um roubo no fim das contas. "Dúrin Rei" chama os emissários dos Reis Anãos, só para quase bater em um e humilhar o restante, o que "obviamente" propiciaria uma ótima impressão em um ambiente de negociação e aliança (e mesmo assim tudo ocorre normalmente). Sem falar a relação de pai moderno e filhos rebeldes de Gil-galad, Galadriel e Elrond, para citar pouquíssimos exemplos.

Veja você... Estamos num tempo em que produtos sofisticados (a mensagem de Tolkien) somem do mercado e vão restando os serviços inacabados, primitivos, mutilados. Dentre esses serviços que nos chega hoje em dia está o "fanservice", e uma das proles direta dele o "shipping" que é um tipo de veneno de histórias que envolve idolização, idolatria, culto a personalidade. Feito pra atiçar (radicalizar) a base da Pirâmide de Maslow. Volto na parte do Ian do Gandalf.

Esse humor é a importação de um estilo. Filmes com tiradas no meio para dar uma certa leveza pontual. Mas a última década padronizou isso ao limite do desgaste ao ponto que sobrava piadas só que faltava humor. Não era algo que a fantasia precisasse e precisou menos ainda quando eles começaram a tentar fazer e falhar miseravelmente.

E tem umas coisas em ROP que creio que estão usando lógica de Sci-Fi que não era pra ser aplicada e Fantasia. É uma salada louca, incluindo a parte da tentativa da comédia.

É o típico jeito de senhorzinho que mencionei. Não é uma coisa que muitos dessa geração e da próxima virão a conhecer. Isso está sumindo das mentes. Aquele Balin, que para mim foi o melhor ator e mais apropriado para o gênero do livro, poderia oferecer uma linha mais próxima disso, mas é como você disse, essa fórmula para o "novo público" minou essas pequenas delicadezas.

Eu fico a imagina se propor a emocionar uma audiência morta por dentro. Fazer um zumbi se importar.

Quando vi essa foto eu tive um choque de realidade. O mundo não era mais o mesmo. As pessoas não podiam mais separar a vida pessoal do trabalho, que é o que vemos hoje em dia como uma epidemia. É um símbolo como esse que mostra que situações como a amizade entre os atores que surgiu na época da trilogia do SdA e perdura até hoje não ganhariam espaço se ela fosse feita nessa década e ou na anterior. Até aquele tempo existia uma honestidade nas pessoas que propiciava coisas boas acontecerem de forma espontânea. Era assim em praticamente todos os lugares. Além disso o ambiente entre eles parecia ser acolhedor, e isso foi para a tela de alguma forma que podemos sentir mas talvez não distinguir. Mas agora, com essa automatização da atuação, quando os atores ficam isolados de outras pessoas, do ambiente, ou de laços, é muito distinto. E uma profissão como essa sente isso muito mais que outras, eu suponho.

Eu não tinha visto isso aqui:
www.express.co.uk
Lord of the Rings' Ian McKellen was reduced to 'tears' over brutal filming
Lord of the Rings star Ian McKellen was left sobbing at the cast and crew: "This is not why I became an actor!"
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Ian McKellen, de O Senhor dos Anéis, foi reduzido às 'lágrimas' por causa das filmagens brutais

McKellen acrescentou: "Fingir que você está com outras 13 pessoas quando está sozinho leva sua capacidade técnica ao limite absoluto."

"Eu chorei, na verdade. Eu chorei. Então eu disse em voz alta: 'Não foi por isso que me tornei ator!'"

McKellen disse: "Pode ser impressão minha, mas não me lembro de uma tela verde em O Senhor dos Anéis. Se Gandalf estivesse no topo de uma montanha, eu estaria lá na montanha. A tecnologia estava sendo inventada enquanto fazíamos o filme. Eu não estava envolvido em nada disso, eu estava fora atuando em uma montanha."
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As relações humanas são uma alquimia muito delicada e eu não imagino o sofrimento de participar de uma criação sem amor e ainda sem alma.

Comentário interessante no Reddit:

Esse lance do Gandalf tem um lado que não é muito enfocado mas eu diria que o próprio ator se viu diante do progressismo que ele mesmo defende acelerar (tem o caso da bíblia nas notícias). Porque progressismo vem em castas, a facção das artes liberais ganha menos dinheiro que a facção da tecnologia (ligada a setor militar e governo) e acontece exatamente isso que estamos vendo nessa foto. Tenho dúvidas se o ator entendeu o contexto que ele está completamente, o progressismo tem (não declarados) políticos próprios e gurus que esses políticos seguem.

Originalmente o teatro grego, da época que surgiu vindo das cerimônias ao panteão de deuses deles era para ser com foco nos humanos, apresentado em lugares como esse, com ruído das ondas, sentindo o vento da maré, a luz de tochas e pessoas interagindo umas com as outras:

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Mas pelo fanservice da indústria resolveram colocar como prioridade a tecnologia (os progressistas com a idolatria, novamente, pensando que sabem tudo). Quando a prioridade é tecnologia significa que a prioridade não é mais o humano, nem o entretenimento do humano. Espero que ele saiba que atores colaboraram com esse estado decadente de coisas.

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