Acho que algumas pessoas tendem a esquecer uma coisa: Tolkien criou um mundo onde em certos pontos e ambientes de tudo acontece....inclusive as coisas que não eram próprias da sensibilidade dele representar ou narrar.
Uma coisa que faz das mitologias o que elas são é justamente a diversidade de "leituras" que uma versão da mesma trama permite ao ser interpretada por quem herda o material nas futuras gerações.
É por isso que, por exemplo, Eurípides tinha uma interpretação* do que aconteceu com Helena na Guerra de Tróia totalmente díspar daquela de Homero e é daí tb que vem as infinitas variantes da Legenda Arturiana. Marion Zimmer Bradley recriou Mallory e T. H. White pra dar "voz" à personagem de Morgana Le Fey de um jeito que nunca tinha sido feito antes, E isso deu uma revitalizada na Legenda que a tornou acessível e interessante pra toda uma nova geração de leitores.
*Se pautava em tradições em total variação com aquelas que inspiraram o poema da Ilíada e da Odisséia.
Então Tolkien nunca contou o que Galadriel estava fazendo na Guerra da Última Aliança...
Vcs conseguem imaginá-la paradinha na floresta só enredando magias nas fronteiras como Melian fez em Doriath? Com Sauron sendo o inimigo responsável pela morte do irmão favorito dela? Acho que se Tolkien mesmo fosse "descompactar" essa parte específica da Segunda Era NEM ELE ia deixá-la nesse papel "insular" pela duração do conflito todo.
Vcs já pararam pra examinar a questão interessante de como Tolkien enfatizava Aragorn como o "herdeiro de Elendil" ao passo que Peter Jackson ficou focado na noção dele ser o "herdeiro de Isildur"?
Answer (1 of 17): Elendil determined that his two sons should jointly rule (similar to the decision of Emperor Constantine), where Isildur reigned over Arnor and Anarion ruled over Gondor - in so doing Tolkein was making a passing nod towards the division of the Roman Empire (that saw the west pa...
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The Tolkien Legendarium
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Answered by
Rod Cornaby
Jul 13, 2021
This is a difference in emphasis between Aragorn's title in the books and in the movies.
In the books, Aragorn refers to himself and is referred to in various forms as Aragorn, son of Arathorn… Elessar, the Elfstone, Dúnadan, the heir of Isildur Elendil’s son of Gondor. He is the greatest Man in his age of Middle Earth, born to a great destiny that he has spent his 90 years preparing for (and achieving pretty well). The emphasis is placed on his descent from Elendil, the High King of Arnor and Gondor.
In the movies, the decision was made to portray a weaker Aragorn racked with doubt and guilt for his distant ancestor Isildur's failure to destroy the Ring after the defeat of Sauron by Elendil and Gil-galad on the slopes of Orodruin, and for the general weakness of Men. I discuss this elsewhere so moving on!
Elrond is depicted as angry with Isildur (and all Men, despite having been one himself before choosing his path) for not doing what must be done, when the reality is that had Elrond taken it, he too would have been unable to cast it away.
Isildur is not shown instructing his nephew in the ways of kingship for 2 years before travelling, and is portrayed in a more negative light — rather than the Isildur we find in Tolkien's books carrying out incredibly brave acts of heroism such as rescuing and preserving the line of the White Tree when the King's Men in Numenor were going to destroy it.
Eu, sem dúvida, não espero que storytellers do século XXI se restrinjam aos mesmos tópicos, enfoques e perspectivas do próprio JRRT ao abordar o Material da Terra-média. O que torna uma mitologia um mito mesmo é a tendência de transbordar, exceder e extrapolar o que um narrador escolhe representar num determinado momento, é justamente os futuros storytellers adaptarem o mito às suas próprias inquietações e pontos de vista. Se isso é bem feito ou não isso já é outra história.
Os caras da Amazon até o momento estão só começando a descascar o abacaxi de se desincumbir da tarefa lidando com uma compacta falange de obstáculos...imposições da Amazon (harfoots sendo inseridos na narrativa), indisponibilidade de pedaços de obras que o Tolkien Estate ainda não negociou que servem de baliza e background dos personagens, dificuldades da quarentena da Covid....
Não tem sido a série que nenhum tolkieniano sonharia em estar vendo ( até pq nossos sonhos e parâmetros são MUITO altos) mas também está LONGE de ser uma abominação ou porcaria. Tem toda a chance de, incorporando até as críticas construtivas que lhes são feitas, tornar as temporadas subsequentes MUITO mais bem sucedidas do mesmo jeito que o livro 1 do Senhor dos Anéís é considerado "muito diferente" dos demais e é "lento, pesado, moroso" , um "slow burn" em comparação com o restante da obra.
É meio que a parte "espinhosa" de tramas como essa onde o começo é puro setup e colocação de peças no tabuleiro. Ainda mais quando tem tanta gente que acha que ambientação do Tolkien não pode representar nada visceral, erótico, violento que agarre o expectador pelo colarinho do jeito que Casa do Dragão faz.
Nesse contexto, pra muito gente, "morninho" do jeito que está, o Rings of Power tem sido um "desopilador do fígado" pra muitas pessoas. Um "palate cleanser" pra usar a expressão dos anglo-saxões. Se está longe do sucesso acachapante que poderia ser sem dúvida tb está bem longe de ser um fracasso. E a tendência daqui pra frente é so ir melhorando à medida que "correções de curso" e aprimoramentos graduais forem implementados, já que é pra isso mesmo que concorrência existe.
E a concorrência com House of Dragon, Willow, Wheel of Time e todas as outras obras de fantasia que vão pipocar só pode trazer benefícios em termos de destacar o que falta no take dos showrunners da Amazon. Personagens como o Isildur por exemplo vão crescer muito na narrativa. A gente deve lembrar que, por exemplo, há um hiato de cem anos entre a queda de Númenor e a Guerra da Última Aliança que mesmo a timeline compactada da Amazon dificilmente vai deixar de levar em conta.